COMO É QUE É?

Dados da violência explodem em SP, mas Tarcísio – O Fanfarrão – diz o que importa

Governador é bolsonarista, o que por si só explica o desprezo pelas estatísticas. No entanto, seu “entendimento” sobre a criminalidade crescente é uma piada (de mau gosto)

Governador de SP, Tarcísio de Freitas.Créditos: Fernando Nascimento / Governo do Estado de São Paulo
Escrito en OPINIÃO el

Quando a pandemia da Covid-19 assombrava o planeta e deixava um rastro de dezenas de milhares de mortes diárias em vários países europeus e nos EUA, locais onde a doença se espalhou inicialmente no Ocidente, Jair Bolsonaro (PL) e sua claque de apoiadores cegos gritavam para quem quisesse ouvir que aquilo não passava de uma “gripezinha” e que não faria lá grande coisa no Brasil. O vírus, então, chegou por aqui e os óbitos, que passaram de cinco mil por dia, faziam com que corpos e caixões se empilhassem. Era a primeira vez que o bolsonarismo expressava de forma explícita o seu negacionismo e desprezo pela ciência e pelas estatísticas, algo que se tornou marca inconfundível do grupo extremista.

Agora, passado o mal que se instalara e perdurara por quatro anos no Palácio do Planalto, o xodó do ex-presidente investigado por desviar joias do Estado para vendê-las, Tarcísio de Freitas (Republicanos), um carioca que foi emplacado e atochado goela abaixo dos paulistas, que governa a unidade federativa mais rica e populosa do Brasil, mostrou por que é um verdadeiro bolsonarista dando uma “opinião” estapafúrdia sobre os dados que mostraram uma explosão de criminalidade em várias partes da capital de São Paulo.

Questionada nesta terça-feira (29) em relação ao crescimento assustador dos roubos em áreas como a Sé, Campos Elíseos e outros bairros do Centro expandido da metrópole paulistana, Tarcísio, que se fosse um imperador poderia perfeitamente receber a alcunha de “O Fanfarrão”, disse que esses números não importam. Ok, os indicadores não têm relevância no que diz respeito à segurança dos cidadãos, mas o que teria importância então?

Segundo o bolsonarista carioca que caiu de paraquedas em São Paulo, o que deve ser levado em consideração é a “sensação de segurança”. Claro, o fato de os crimes aumentarem numericamente não importa, desde que uma polícia truculenta e assassina deixe um morto em cada esquina e desfile com suas fardas pomposas e fuzis modernos carregados de balas, empolgando o "cidadão de bem" que tem orgasmos com ações de barbarismo contra pobres e pretos.

“Não adianta nada você ter o indicador e o cidadão não se sentir seguro, ficar falando de número não vai resolver o problema (...) Observe como estava a Sé quando a gente chegou e como está a Sé hoje. A Sé estava tomada, a Sé foi devolvida ao cidadão, hoje é outro ambiente”, disse Tarcísio.

Não se sabe exatamente o que o governador quis dizer com a frase “observe a Sé de antes e a de agora”, já que os crimes cometidos no local aumentaram expressivamente. A ginástica argumentativa do homem de confiança de Jair Bolsonaro tenta mostrar que “a sensação de segurança aumentou onde o crime aumentou”, ou seja, uma fanfarronice que agrada aos ouvidos da legião de encantados da extrema direita que veneram a ele e ao “chefe”, mas que contraria a lógica e o bom senso de qualquer vivente que tenha o mínimo de inteligência.