É no mínimo estranho que o governador do Paraná, Ratinho Jr (PSD), não tenha pronunciado sequer uma palavra, até agora, sobre o avião que desapareceu na segunda-feira (3) transportando dois assessores da Casa Civil de seu governo.
Nesta quinta-feira (6), equipes da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Força Aérea Brasileira (FAB) entraram no 4º dia de buscas pelos passageiros e pela aeronave, mas até agora não foi encontrado qualquer sinal do avião ou de seus tripulantes.
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Estavam a bordo do monomotor Piper Aircraft (modelo PA-28R-200), além do piloto Jonas Borges Julião, dois assessores do primeiro escalão da administração estadual: Felipe Furquim e Heitor Guilherme Genowei, ambos servidores da Casa Civil.
A aeronave havia partido na segunda-feira do Aeroporto Regional Orlando de Carvalho, em Umuarama, às 7h50, e tinha como destino a cidade de Paranaguá, mas não chegou ao local no horário previsto. Dez minutos antes do pouso, o avião sumiu dos radares e perdeu contato com as torres de controle.
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Enquanto familiares dos passageiros se desesperam diante do passar dos dias sem que nada seja encontrado, Ratinho Jr mantém um silêncio ensurdecedor sobre a cada vez mais iminente tragédia envolvendo seus funcionários.
O governador esteve nos últimos dias em Brasília para participar da articulação de parlamentares e outros governadores com relação ao texto do projeto da reforma tributária que está em tramitação na Câmara. Na capital federal, Ratinho não atendeu à imprensa e, em suas redes sociais, não há qualquer menção ao sumiço do avião.
O governo do Paraná só vem comentando o caso através de notas oficiais e de tom protocolar, que se limitam a informar sobre as buscas. Em um desses comunicados, a administração estadual confirmou que os dois assessores estavam a bordo da aeronave para cumprir uma agenda oficial.
“Eles avaliariam a atracagem de futuros navios de turismo no Litoral. O Governo do Estado está amparando os familiares nesse momento de apreensão”, diz a nota.
Apesar do governo do estado dizer que está "amparando" os familiares dos passageiros desaparecidos, Ratinho Jr, 4 dias após o sumiço da aeronave, só fez declarações comemorativas. Em suas redes sociais, as publicações mais recentes são com fotos em que aparece sorridente, celebrando o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná ou mesmo brincando com inteligência artificial.
Fato estranho
Um fato que vem chamando a atenção sobre o caso é que a aeronave desaparecida não é um taxi aéreo contratado pelo governo, mas sim um avião particular cujo proprietário é João Cezar Passos, um empresário conhecido na região de Umuarama como "Babão". Não é comum que servidores do governo cumpram agendas oficiais, como é o caso dos dois assessores que desapareceram, em veículos particulares.
Segundo o site Paraná Portal, João Cezar Passos é o nome de um empresário que foi preso em 2002 pela Polícia Federal no âmbito da Operação Nicotina por contrabando de cigarros. No ano seguinte, ele foi condenado pela 1ª Vara Federal de Foz do Iguaçu a mais de 11 anos de prisão por contrabando, descaminho, formação de quadrilha e crime continuado.
Não se sabe, até o momento, se o homem preso por contrabando é o dono da aeronave desaparecida ou se é apenas um homônimo. O fato é que o silêncio do governador sobre o caso vem gerando estranhamento. A deputada federal Carol Dartora (PT-PR), por exemplo, fez o questionamento através das redes sociais.
"O avião que desapareceu com 2 funcionários do Ratinho Jr era propriedade do empresário conhecido como 'Babão' preso por contrabando ilegal de cigarros. O que estava fazendo os servidores em avião de contrabandista? Porque ratinho Jr se nega a dar explicações à imprensa?", escreveu a parlamentar.
Enquanto o governador não se pronuncia, as especulações só crescem: trata-se de insensibilidade ou algum tipo de "rabo preso"?