Pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (21) mostra que à medida que a realidade se impõe - e o cenário econômico se torna mais positivo - bolsonaristas de ocasião começam a desembarcar da "polarização" imposta em um processo midiático e de fake news via redes sociais que levaram muitos brasileiros a pegarem carona no discurso de ódio e terror desde o golpe contra Dilma Rousseff (PT).
Não se pode dizer que todos os bolsonaristas foram cooptados de forma ingênua por esse discurso de ódio e terror contra Lula, o PT e principalmente contra uma alternativa à política econômica neoliberal.
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Mas, também é preciso entender que o Brasil não abriga 58.206.354 fascistas, que votaram em Bolsonaro no segundo turno das eleições. Parte dessas pessoas cooptadas pela extrema-direita podem ser resgatadas. E o levantamento da Quaest, realizado entre 15 e 18 de junho com 2.029 eleitores mostra isso.
Embora esteja longe do comunismo - como prega o imaginário bolsonarista -, o resgate de políticas sociais pelo governo Lula refletiu positivamente entre eleitores que votaram em Bolsonaro no segundo turno.
A Quaest mostra que houve um aumento de 8 pontos percentuais (de 14% para 22%) da aprovação do trabalho de Lula entre os brasileiros que votaram em Bolsonaro no segundo turno. Consequentemente, a reprovação nesse nicho eleitoral caiu de 81% para 76% - uma queda de 5 pontos, bem acima da margem de erro, de 2,2 pontos para mais ou para menos.
O maior salto de aprovação de Lula se deu nas regiões Centro-Oeste e Norte - avaliadas em conjunto na pesquisa -, onde o aval ao trabalho do presidente saltou 10 pontos, de 46% para 56%.
Vale lembrar que no Centro-Oeste, onde a elite ruralista do país tem muita influência, Bolsonaro venceu o segundo turno com 53,8% dos votos, contra 37,8% de Lula. No norte, o petista venceu por pequena margem: 47,1% a 45,5%.
Mesmo no Sul, onde Bolsonaro obteve 54,6% dos votos, a aprovação ao governo Lula saltou 5 pontos - de 43% para 48%.
O Sudeste seguiu a tendência nacional, com aumento de 6% na aprovação - 45% para 51% -, enquanto no Nordeste, a insatisfação medida entre fevereiro e abril, quando a aprovação caiu de 77% para 71%, foi estancada, mantendo-se no mesmo índice, acima do resultado eleitoral, onde Lula obteve 67% dos votos no segundo turno.
A aprovação entre as mulheres também voltou a subir: voltou aos 58% da pesquisa de fevereiro, após chegar a 53% em abril. E o dinheiro no bolso também refletiu no eleitorado masculino, onde a aprovação voltou aos 54% iniciais.
É a Economia!
A pesquisa mostra o tamanho da importância - e do desafio - do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no governo para reverter, ao menos em parte, o neoliberalismo fascista de Paulo Guedes e Bolsonaro, que privilegiou endinheirados e aumentou o fosso social no Brasil, onde os 10% mais ricos controlam 59% da economia, segundo relatório 2022 do The World Inequality Report, co-dirigido pelo economista francês Thomas Piketty.
A Quaest mostra que 46% da população acredita que a Economia está na direção certa e houve um aumento significativo - de 23% para 32% - na percepção de que o cenário econômico melhorou nos últimos 12 meses (seis deles sob o governo Lula).
A satisfação se dá principalmente nas classes mais pobres, que foi alvo da cooptação de Bolsonaro por meio de políticas eleitoreiras em meio à eleição. Entre eleitores que ganham até 2 salários mínimos, a percepção de que a economia melhorou foi de 21% para 35%.
No entanto, a classe média - onde está a base de sustentação do bolsonarismo - também percebeu a melhora, indo de 22% para 31%. O cenário positivo também foi sentido entre aqueles que ganham mais de 5 salários mínimos, onde a aprovação da economia subiu de 25% para 30%.
Em relação a expectativa econômica, os números também mostram um maior otimismo em todas as classes sociais, mas com maior ênfase nas classes média e alta, onde houve um salto de 7% - ante 3% entre aqueles que ganham até 2 salários mínimos.
Entre as pautas econômicas do governo que têm maior adesão da população estão a isenção das montadoras para baixar o preço dos carros (76%), a limpeza do nome de pessoas físicas por pequenas dívidas (73%), e o fim da paridade internacional do preço do petróleo (61%)
A queda dos preços combustíveis, com o fim da paridade, teve a maior percepção entre os eleitores (42%), seguida da redução do custo dos alimentos (28%) - uma das maiores quedas, segundo o IBGE, no último mês foi justamente no preço da carne.
Alerta para o governo
A pesquisa, no entanto, traz um alerta para o governo em relação à comunicação na mesma semana onde fake news sobre a taxação do Pix, criada em meios bolsonaristas, invadiu as redes e fez com que o governo batesse cabeça - voltando atrás no imposto que seria cobrado de empresas, que foi decretado ainda durante o governo Bolsonaro.
Segundo a Quaest, 33% dos eleitores dizem ouvir mais notícias positivas do governo, semelhante aos 31% que relatam ouvir mais informações negativas. Isso mostra que a fábrica de desinformação, fake news e ódio bolsonarista segue a todo vapor e em pé de igualdade com o governo, que hoje tem um potencial muito maior de comunicação.
Outros 35% - a maior parte - diz não ter ouvido notícias sobre o governo. Ai cabe um alerta ao ministro Paulo Pimenta - da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) - que não tem conseguido comunicar ao eleitorado os feitos do governo.
A live semanal, que estreou há duas semanas - seis meses depois de Lula tomar posse -, ainda patina, e a trégua da mídia liberal pode estar próxima do fim.
Montar uma base para levar informações do governo nesses tempos de maresia, entre eleições, é fundamental para consolidar votos durante o mar revolto das eleições.
Além da economia, é preciso montar uma estrutura de comunicação que crie consciência social na população brasileira, para que essa parcela que está sendo resgatada não caia novamente no conto do vigário do sistema financeiro, da mídia liberal e de fascistas de plantão que saem das catacumbas da política para implantar o terror no país.