Eu vivi e vivenciei as jornadas de junho de 2013. Acompanhei minha filha, secundarista, nas manifestações explosivas das juventudes. As ruas foram tomadas por cordões de jovens, com seus cartazes escritos à mão.
Eu estava no PT na época. E o PT não assumiu a marcha de junho.
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O pessoal da Juventude do PT me chamou para debater. Eles não sabiam se participariam ou não. Os códigos do Partido eram diversos e desorientados .
Haddad disse que não ia negociar com "baderneiros por causa dos 20 centavos e foi para Paris. Alckmin mandou bater na estudantada. Explodiram manifestações no país (inclusive em Curitiba) em solidariedade aos estudantes de SP. Lula mandou Haddad voltar e recebeu os estudantes no Instituto Lula.
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Haddad voltou e anunciou a redução da tarifa (os 20 centavos!) ao lado do Alckmin. Dilma, junto com Mercadante, propôs os Cinco Pactos em resposta às marchas de junho e voltou atrás em quase todos eles.
Foi uma bateção de cabeças do governo e da esquerda oficial que hoje, parte deles reconhece, inclusive a Dilma, numa lúcida entrevista há tempos atrás, que foi esta hesitação da esquerda que abriu espaço para a direita e não para o movimento em si.
Milhares não vão para as ruas se não houver insatisfação concreta e real.
Estamos prestes a ver isto se repetir e, ao que parece, os oficialistas do governo estão dispostos a repetir os mesmos erros da tragédia de ontem. A história ensina mas há alunos que nunca aprendem, nem na tragédia, nem na farsa.
Capítulo do Governo de 2023: Ministérios da Saúde e da Educação
Circula uma campanha, nas redes sociais, para apelarmos "para Lula" não entregar o Ministério da Saúde para Lira e o Centrão.
O caso é curioso por não mirarem o Ministério da Educação, que tem orçamento muito maior. O que mostra, certamente, que o Ministro Camilo Santana do PT segue o script do Centrão e das Fundações Empresariais no caminhar da pasta.
Sobre o abaixo assinado pela permanência da competente Nísia, eu não assinarei, embora torça pela sua permanência no cargo.
O cargo é de escolha presidencial. Cabe a Lula o bônus da sua escolha e o ônus da sua demissão. Isto se chama presidencialismo e não pode ser invocado só quando convém.
Ensaio de erro ou método?
Um milhão de gentes, inclusive especialistas em segurança nacional, do campo petista, já tinham alertado Lula sobre a leniência com as forças militares. Agora, surge a denúncia do celular do assessor de Bolsonaro. E novo apelo para que Lula demita X ou Y, que manteve o GSI sob o comando militar.
Como vai funcionar assim este governo? Por paredão de BBB? Não tem programa ou diretriz?
*Andrea Caldas é professora da Universidade Federal do Paraná, pesquisadora de políticas educacionais e militante da área da educação. Doutora em Educação, atua na área de gestão educacional, trabalho docente e movimentos sociais. É colunista da Revista Fórum.
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum.