O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, depende mais do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu do que vice-versa.
Biden está em pré-campanha de reeleição.
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Seu governo é um espelho do antecessor, Donald Trump, especialmente nas questões que envolvem a imigração na fronteira com o México e o apoio a Israel.
Joe Biden elegeu-se com apoio da esquerda do Partido Democrata, representada por Bernie Sanders e vários deputados "liberais" -- é como se chamam os esquerdistas nos EUA.
Porém, desde que assumiu o poder, Biden promove um ziguezague ideológico: apresenta-se como defensor dos trabalhadores em estados cruciais para a reeleição de 2024 (Ohio, Pensilvânia), mas retoma políticas de Trump para agradar eleitores de estados como o Texas, Novo México e Arizona, que fazem fronteira com o México.
O MURO
Biden, por exemplo, retomou a construção do muro com o México, uma proposta originalmente de seu adversário.
Donald Trump continua se apresentando como o presidente que não iniciou uma guerra, o que atrai para ele estadunidenses que sofrem carência econômica em casa enquanto os Estados Unidos despacham bilhões de dólares para financiar conflitos no Exterior.
Diante de uma proposta de Biden para financiar as guerras da Ucrânia e de Israel, republicanos aprovaram o apoio a Tel Aviv mas congelaram dinheiro novo para Kiev.
O trumpismo alega que Biden deu apoio à Ucrânia por conta de um emprego de consultor que seu filho Hunter obteve de uma empresa de gás ucraniana chamada Burisma, quando o atual ocupante da Casa Branca era vice-presidente de Barack Obama.
O valor recebido por Hunter é indefinido.
Em setembro deste ano, o filho de Biden foi formalmente acusado de mentir sobre o uso de drogas em conexão com a compra de uma arma em 2018. Talvez ele seja julgado no ano que vem.
É comum que promotores dos EUA iniciem processos a um alvo de investigação por acusações para as quais tenham provas suficientes para condenação.
Neste contexto, o poder de Biden sobre Benjamin Netanyahu é limitado.
AMIGO DE ISRAEL
Donald Trump é o presidente dos EUA que reconheceu Jerusalém como capital de Israel:
Determinei que é hora de reconhecer oficialmente Jerusalém como a capital de Israel. Embora os presidentes anteriores tivessem feito desta uma importante promessa de campanha, não cumpriram. Hoje estou entregando. Julguei que esta linha de ação é do melhor interesse dos Estados Unidos e da procura da paz entre Israel e os palestinos. Este é um passo há muito esperado para fazer avançar o processo de paz e trabalhar no sentido de um acordo duradouro. Israel é uma nação soberana com o direito, como qualquer outra nação soberana, de determinar a sua própria capital. Reconhecer isto como um fato é uma condição necessária para alcançar a paz.
Além disso, foi Trump quem promoveu os acordos de Abraham, através dos quais Israel normalizou relações com o Marrocos, Sudão, Bahrein e Emirados Árabes Unidos.
Nas últimas semanas, Biden perdeu apoio entre jovens democratas que apoiam a causa palestina.
Eles formam um bloco essencial, uma vez que o voto não é obrigatório nos Estados Unidos.
De acordo com a média de todas as pesquisas feitas no país, compiladas pelo Real Clear Politics, hoje Trump tem 45,6% contra 44,5% de Biden.
A Casa Branca tem tentado modular sua mensagem, pregando "pausas humanitárias" na guerra de Israel com o Hamas, mas não o cessar-fogo exigido pela Palestina e por manifestantes de todo o mundo.
Se atropelar Netanyahu, Biden fica sujeito a acusações de trumpistas de que defende o terrorismo, não é um aliado confiável de Israel e de que é um líder "fraco".
Donald Trump pode utilizar todos estes argumentos em sua campanha de reeleição.
Por isso, as ações de Netanyahu são mais importantes para o futuro de Biden do que vice-versa.
O primeiro-ministro de Israel está com as mãos livres para agir, considerando que Biden caminha sobre uma corda bamba na tentativa de se reeleger.