A pesquisa Ipec divulgada na noite desta segunda-feira (29) pelo Jornal Nacional, da Globo, acirrou ainda mais os ânimos na direção da campanha de Jair Bolsonaro (PL), que tem se irritado com a "rebeldia" do candidato que, sem se preparar para o debate, resultou no ataque misógino a Vera Magalhães e Simone Tebet (MDB) no evento promovido pela Band/Uol.
Apesar de o debate ainda não ser retratado na pesquisa Ipec - que foi encerrada horas antes do início do programa -, aliados consideram que a estagnação está muito ligada ao temperamento explosivo e rebelde do presidente, que não deixou nem mesmo se maquiar para participar do debate.
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A estratégia "autêntica" de Bolsonaro estaria servindo apenas para fidelizar a ala mais radical dos apoiadores, enquanto a campanha faz as contas e mostra ao presidente que ele precisa muito mais do que isso para vencer as eleições.
Com Lula atingindo mais de 50% dos votos válidos, Bolsonaro teria que disputar inclusive os votos dos cerca de 20% do eleitorado do petista que ainda não estariam totalmente decididos sobre a escolha.
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A grande questão é que à medida que o tempo passa e a eleição se aproxima aumenta o desespero da campanha, que ainda aposta num efeito tardio do aumento do Auxílio Brasil para R$ 600 na tentativa de pescar votos entre o eleitorado mais pobre.
As pesquisas, no entanto, mostram que a estratégia de compra de votos com R$ 200 a mais no benefício não deu certo e os eleitores com faixa de renda de até 1 salário mínimo seguem com Lula, que avança também sobre a classe média e o eleitorado de cidades do interior - onde as fake news de Bolsonaro faziam mais efeito.
Aliados criticam o presidente por tentar levar adiante a mesma tática adotada em 2018 sem levar em conta que o adversário é outro e no momento atual Bolsonaro é vidraça e não pedra.
Boa parte do eleitorado de 2018 escolheu Bolsonaro por se mostrar um "outsider", alguém fora da política - embora estivesse há quase 30 anos no baixo clero da Câmara Federal. No entanto, essa máscara caiu principalmente pela relação com o Centrão, afastando eleitores das classes média alta e alta.
Além disso, a postura de Bolsonaro com os ataques misóginos implodiu a estratégia Michelle Bolsonaro de atrair parte do eleitorado conservador feminino.
O impacto do chilique do presidente com Vera Magalhães, que se difundiu fortemente nas redes, vai ser medido pela pesquisa Datafolha prevista para ser divulgada nesta quinta-feira (1º).
A campanha conta com um impacto considerável para tentar convencer Bolsonaro a rever a estratégia kamikaze, que pode levá-lo à derrota já no dia 2 de outubro.