ELEIÇÕES 2022

"Rebelde", Bolsonaro irrita campanha, que ainda aposta no efeito Auxílio Brasil em pesquisas

Pesquisa Ipec que mostra estagnação acirrou ainda mais os ânimos da equipe que tem se irritado com a rebeldia de Bolsonaro, que não se preparou e não quis ao menos se maquiar para participar de debate na Band.

Jair Bolsonaro no debate na Band.Créditos: Reprodução / TV Bandeirantes
Escrito en OPINIÃO el

A pesquisa Ipec divulgada na noite desta segunda-feira (29) pelo Jornal Nacional, da Globo, acirrou ainda mais os ânimos na direção da campanha de Jair Bolsonaro (PL), que tem se irritado com a "rebeldia" do candidato que, sem se preparar para o debate, resultou no ataque misógino a Vera Magalhães e Simone Tebet (MDB) no evento promovido pela Band/Uol.

Apesar de o debate ainda não ser retratado na pesquisa Ipec - que foi encerrada horas antes do início do programa -, aliados consideram que a estagnação está muito ligada ao temperamento explosivo e rebelde do presidente, que não deixou nem mesmo se maquiar para participar do debate.

A estratégia "autêntica" de Bolsonaro estaria servindo apenas para fidelizar a ala mais radical dos apoiadores, enquanto a campanha faz as contas e mostra ao presidente que ele precisa muito mais do que isso para vencer as eleições. 

Com Lula atingindo mais de 50% dos votos válidos, Bolsonaro teria que disputar inclusive os votos dos cerca de 20% do eleitorado do petista que ainda não estariam totalmente decididos sobre a escolha.

A grande questão é que à medida que o tempo passa e a eleição se aproxima aumenta o desespero da campanha, que ainda aposta num efeito tardio do aumento do Auxílio Brasil para R$ 600 na tentativa de pescar votos entre o eleitorado mais pobre.

As pesquisas, no entanto, mostram que a estratégia de compra de votos com R$ 200 a mais no benefício não deu certo e os eleitores com faixa de renda de até 1 salário mínimo seguem com Lula, que avança também sobre a classe média e o eleitorado de cidades do interior - onde as fake news de Bolsonaro faziam mais efeito.

Aliados criticam o presidente por tentar levar adiante a mesma tática adotada em 2018 sem levar em conta que o adversário é outro e no momento atual Bolsonaro é vidraça e não pedra.

Boa parte do eleitorado de 2018 escolheu Bolsonaro por se mostrar um "outsider", alguém fora da política - embora estivesse há quase 30 anos no baixo clero da Câmara Federal. No entanto, essa máscara caiu principalmente pela relação com o Centrão, afastando eleitores das classes média alta e alta.

Além disso, a postura de Bolsonaro com os ataques misóginos implodiu a estratégia Michelle Bolsonaro de atrair parte do eleitorado conservador feminino.

O impacto do chilique do presidente com Vera Magalhães, que se difundiu fortemente nas redes, vai ser medido pela pesquisa Datafolha prevista para ser divulgada nesta quinta-feira (1º).

A campanha conta com um impacto considerável para tentar convencer Bolsonaro a rever a estratégia kamikaze, que pode levá-lo à derrota já no dia 2 de outubro.