A conclusão açodada da Polícia Civil do Paraná de que o assassinato do companheiro Marcelo Arruda, militante histórico e ex-candidato a vice-prefeito de Foz de Iguaçu pelo PT, não teve motivação política desconsidera a ação deliberada de Bolsonaro de disseminar um discurso do ódio contra adversários políticos. Desprezar que um militante do PT foi morto por um bolsonarista fanático, aos brados de “aqui é Bolsonaro”, durante a invasão de uma festa familiar privada, cujo tema era o PT e o presidente Lula, é negar a realidade dos fatos.
Ainda que tente se descolar do caso, é evidente que Bolsonaro tem responsabilidade política pelo assassinato de Marcelo Arruda, como também tem pelas bombas caseiras arremessadas contra nossa militância no Rio de Janeiro e pelo drone que lançou agrotóxico sobre mulheres, crianças e idosos, que participavam de uma concentração popular com Lula em Uberlândia. É Bolsonaro quem estimula os fanáticos dele a praticarem atos de agressão. É Bolsonaro quem faz declarações como “vamos fuzilar a petralhada”, “um tiro só mata todo mundo”, “uma granadinha só mata todo mundo”, “sabemos o que temos que fazer antes das eleições”, fomentando ódio e violência política.
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O desprezo de Bolsonaro contra adversários políticos é tanto que ele sequer se sensibilizou ou prestou solidariedade aos pais, à esposa ou aos filhos de Marcelo Arruda. Ainda comparou a tragédia de Foz de Iguaçu com o caso Adélio e tentou se livrar da responsabilidade política do crime com uma ligação para os irmãos de Arruda, na qual chamou os familiares para uma coletiva de imprensa para “mostrar o que aconteceu”.
Diante desse flagrante estímulo ao ódio e à violência, é inacreditável que ainda há quem tente igualar o extremismo autoritário de Bolsonaro aos valores democráticos defendidos por Lula. Nas cinco vezes em que Lula foi candidato a presidente, jamais ocorreram casos de agressões ou de violência contra nossos adversários, especialmente com o PSDB, contra quem o PT disputou as eleições presidenciais anteriores. A relação entre os candidatos sempre foi de respeito, os resultados das urnas sempre foram reconhecidos e a democracia sempre esteve presente como valor inegociável de todo o processo. E é por isso que Lula e Alckimin estão juntos, depois de terem disputado as eleições presidenciais em 2006.
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Mas, não é só. Bolsonaro segue flertando com o golpismo e com o projeto Capitólio, com o ataque permanente à nossa democracia e ao nosso sistema eleitoral, sob a conivência envergonhada de parte das Forças Armadas, com um comando cada vez mais desgastado e subjugado pelo bolsonarismo.
Na semana passada, em audiência no Congresso Nacional, o ministro da Defesa aventou a possibilidade de inserção de um “código malicioso” nas urnas eletrônicas e apresentou uma proposta de votação paralela com cédulas de papel no dia das eleições. Uma aventura eleitoral, proposta por uma instituição sem nenhuma experiência ou cultura eleitoral e que jamais havia se manifestado sobre este tema ao longo de todas as eleições democráticas anteriores.
O que o general esqueceu de dizer é que o código fonte do sistema eletrônico pode ser inspecionado pelas entidades fiscalizadoras desde outubro de 2021. Sobre a proposta do voto impresso paralelo, esqueceu de explicitar que qualquer pessoa interessada em tumultuar o processo eleitoral pode simplesmente votar em um candidato na urna eletrônica e em outro na cédula de papel para gerar uma divergência na contagem de votos dessa suposta auditoria.
Ao mesmo tempo, a aprovação da ilegal PEC do Desespero dá a possibilidade, a menos de 80 dias das eleições, de Bolsonaro ampliar e criar benefícios sociais até o final do ano. É uma clara manobra eleitoreira do governo para tentar reverter a péssima imagem que tem junto aos mais pobres.
Além de criar um desequilibro na disputa eleitoral, essa PEC de R$ 41 bilhões, que afronta toda a legislação eleitoral, somada ao passivo formado com a limitação do pagamento de precatórios em 2022, desonerações e outras despesas fiscais deste ano, irá gerar um impacto fiscal da ordem de R$ 330,8 bilhões no próximo ano.
Ademais, deixa uma distorção completa na forma como está sendo distribuído o Auxílio Brasil. Temos 3,7 milhões de pessoas adultas, e predominantemente homens, que recebem R$ 600. No entanto, há mães com seis filhos que recebem o mesmo valor, o que dá a medida do erro estrutural desse programa eleitoral e improvisado.
Não deixa de ser curioso que Bolsonaro, o principal responsável por uma multidão de 33 milhões de famintos e o único parlamentar a ter votado “com orgulho” contra a criação do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, comemore, agora, nas vésperas das eleições, a possiblidade de ampliação de programa sociais, que o PT sempre defendeu. Na ocasião da votação do fundo, Bolsonaro defendeu como política de combate à fome o controle de natalidade da população pobre e disse que os pobres que recebiam o Bolsa Família tornavam-se “eleitores de cabresto”.
Nesse contexto, Lula emerge como a grande força capaz de reconstruir o Estado, as instituições democráticas, o diálogo e o tecido social, derrotando Bolsonaro. Não é aceitável qualquer tipo de tutela à Justiça Eleitoral. Da mesma forma, não é admissível o avanço dos atos de violência na disputa eleitoral. O bolsonarismo mata e precisa ser combatido e derrotado pela união de todos os democratas do país.
Sem cair em provocações e arrastando multidões, Lula segue liderando um amplo movimento em defesa da nossa democracia, da nossa soberania, da justiça social e de paz nas eleições. Lula, que em breve será o presidente mais votado da história da humanidade, será também o grande arquiteto reconstrutor de um Brasil devastado por Bolsonaro e a política dele de ódio, de violência e de mentiras.