Crítico contumaz do Bolsa-Família, programa de distribuição de renda criado no governo Lula (PT), Jair Bolsonaro (PL) ganhou sobrevida nas eleições de 2022 graças à renomeação do benefício, agora chamado Auxílio Brasil.
Pesquisa Quaest encomendada pelo banco Genial divulgada nesta quarta-feira (16) mostra que o pagamento do auxílio reverteu em pouco mais de 30 dias a percepção dos beneficiários sobre o presidente.
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Na pesquisa de fevereiro, 45% dos beneficiários consideravam o governo Bolsonaro "pior que esperava" e 27% "nem melhor, nem pior". Em março, a situação se inverteu. O índice de rejeição foi a 23% e daqueles que dizem que o governo "não é melhor nem pior" saltou para 44%.
Nesse grupo, aqueles que consideravam o governo "melhor do que esperava" aumentou de 25% em fevereiro para 31% em março. Foi o melhor desempenho detectado pelo estudo em todos os nichos pesquisados.
No entanto, a deterioração do ambiente econômico do país tem impedido a reação de Bolsonaro. Para 56% - eram 53% em fevereiro - a capacidade de pagar as próprias contas piorou nos últimos três meses.
"Bolsa-Farelo"
Por diversas vezes, Bolsonaro zombou das milhares de famílias que dependem do auxílio criado no governo Lula. Ele insinuou diversas vezes que os beneficiários seriam vagabundos e classificou o programa como "mentira", "farelo" e "esmola" - veja vídeo ao final da reportagem.
Em tuite de 2010, ainda mantido em seu perfil oficial, Bolsonaro diz que "o Bolsa-farelo (família) vai manter esta turma no Poder".
Evangélicos seguram desempenho de Bolsonaro
A pesquisa mostra ainda que os eleitores evangélicos formam o núcleo duro de Jair Bolsonaro. Esse é o único grupo em que o atual presidente supera Lula, com placar de 38% a 33%.
Entre católicos, Lula venceria no primeiro turno, com 51% das intenções de votos, contra 21% de Bolsonaro. O petista ainda lidera entre aqueles que dizem ter outras crenças religiosas - 36% a 17% - e que declaram não ter religião - 44% a 22%.
Nas regiões do país, Bolsonaro só fica à frente de Lula no Centro-Oeste - 39% a 29% -, onde se concentra grande parte dos ruralistas.
No Nordeste, Lula tem 60% das intenções de votos contra 15% de Bolsonaro. O petista também vence nas demais regiões: Norte (43% a 30%), Sudeste (42% a 26%) e Sul (35% a 29%).
Gênero
Lula também tem uma grande vantagem sobre Bolsonaro no voto feminino - 48% a 20%. No eleitorado masculino, a diferença cai para 10 pontos percentuais - 41% a 31%.
Outro tema que vem sendo pautado por Bolsonaro, a corrupção é ainda o que mais atinge a opinião sobre o petista - alvo de lawfare pela Lava Jato.
Quando indagados sobre a principal razão de escolher o candidato, Bolsonaro só lidera na resposta "se o candidato é honesto": 59% a 7%. O atual presidente também lidera em relação a "propostas dos candidatos (28% a 22%)
Nas demais respostas, Lula lidera: Situação econômica do país (48% a 20%), boa gestão no passado (63% a 19%), situação econômica pessoal (58% a 20%).
Veja vídeos de Bolsonaro criticando o Bolsa-Família