LULA III

As meias verdades na política: por que o MDB quer três ministérios no governo Lula

Lula já disse que está com 80% dos ministros definidos, quais serão do MDB?

Créditos: Ricardo Stuckert
Escrito en OPINIÃO el

O MDB quer três ministérios no governo Lula III. Absolutamente normal e aceitável. É do jogo da política. E os argumentos de representantes da sigla giram em torno da necessidade de contemplar os senadores alagoanos Renan Calheiros e seu filho, Hélder Barbalho, governador do Pará, e a senadora e candidata à Presidência da República, Simone Tebet. Todos pelo apoio declarado ao candidato Lula, em momentos diferentes da campanha.

É verdade que os três apoiaram Lula. Os representantes de Alagoas ainda no primeiro turno, Hélder e Simone no segundo. Mas há uma meia verdade que é preciso ser dita e levada em conta para mensurar o tamanho do pedido desses atores.

Comecemos pelos Calheiros. A realidade política em Alagoas, com Arthur Lyra como adversário e porta-voz do bolsonarismo no estado, permitiria que eles apoiassem outra candidatura que não a de Lula? A de Simone Tebet, poderiam dizer alguns. Não, não poderia. Pois o aceno direto aos eleitores de Lula era fundamental para garantir a competitividade do candidato emedebista ao governo do estado. Logo, o apoio a Lula foi um jogo de ganha-ganha muito bem jogado pelos Calheiros.

Hélder Barbalho, no primeiro turno apoiou a candidata do seu partido. Mesmo Lula tendo declarado apoio a ele. E esse movimento de Hélder, que também é absolutamente compreensível, se deu pela necessidade de manter coesa uma ampla base de apoio que sustenta o seu governo e segurar votos à direita que poderiam carrear para o candidato bolsonarista, complicando a sua vitória ainda no primeiro turno, dada como certa desde sempre.

E por fim, a candidata Simone Tebet. Importante apoio no segundo turno, sem qualquer espaço para dúvidas. Firme, sem titubear, declarou apoio antes mesmo do seu partido. Durante o segundo turno cumpriu importante papel para a campanha de Lula. Isso é uma verdade. Mas é importante considerar que além de ir para Paris, ela teria outro caminho a trilhar, em especial, depois da sua brilhante atuação na CPI da Covid? Penso que não. O apoio ao presidenciável do PT foi algo absolutamente natural.

Isto não quer dizer que o MDB não tenha o direito de reivindicar três espaços no ministério. Claro, ainda é um grande partido, com grande capilaridade. Mas penso que ao avaliar o espaço que o partido terá, outras variáveis deverão ser consideradas pelos negociadores do presidente eleito e pelo próprio Lula.