Metade das organizações não-governamentais que atendem mulheres em situação de vulnerabilidade ao redor do mundo pode fechar às portas em seis meses devido à suspensão da ajuda humanitária internacional pelos Estados Unidos após Donald Trump assumir a presidência.
O dado consta no novo relatório "No limite: O impacto dos cortes na ajuda internacional sobre organizações de mulheres em crises humanitárias no mundo todo", da ONU Mulheres, divulgado nesta terça-feira (13). O documento mostra que 90% das organizações pesquisadas foram atingidas por cortes no financiamento. Ao todo, foram mapeadas 411 organizações lideradas por mulheres ou de direitos das mulheres, atuando em 44 contextos de crise.
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Ao vencer as eleições, Trump cumpriu sua promessa de interromper o financiamento dos Estados Unidos a diversas organizações de ajuda humanitária, defesa do meio ambiente e saúde. Sua agenda America First o fez suspender a distribuição de bilhões de dólares pela Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID), a qual prometeu fechar. Em março deste ano, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse que o presidente cancelou mais de 80% de todos os programas da USAID.
“A situação é crítica. Mulheres e meninas simplesmente não podem se dar ao luxo de perder as redes de apoio que as organizações de mulheres oferecem", afirmou Sofia Calltorp, chefe da Ação Humanitária da ONU Mulheres.
"Ao limite"
O relatório da ONU aponta que a redução de financiamento está levando as organizações "ao limite": 51% já foram forçadas a suspender programas, dentre elas ONGs que ajudam mulheres sobreviventes de violência baseada em gênero; e 72% relataram ter sido forçadas a demitir pessoal.
A ONU Mulheres destacou que, mesmo diante dos desafios crescentes, as organizações de mulheres seguem liderando com coragem, defendendo suas comunidades e reconstruindo vidas com resiliência e determinação. "A ONU Mulheres se mantém ao lado dessas organizações no mundo todo, ecoando seu apelo urgente por financiamento contínuo. Essas organizações são pilares da nossa resposta humanitária coletiva — promovendo mudanças, oferecendo esperança e prestando apoio essencial a mulheres, meninas e suas comunidades nas crises mais severas do planeta", afirma a organização.
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