É ASSIM QUE DENUNCIAMOS

Mais uma estrela do cinema denuncia assédio e abuso nos bastidores do cinema

Kate Beckinsale, em resposta às acusações de Blake Lively contra o diretor Justin Baldoni, expõe padrão de violência contra mulheres nos bastidores da indústria cinematográfica

Mais uma estrela do cinema denuncia assédio e abuso nos bastidores do cinema.Kate Beckinsale, em resposta às acusações de Blake Lively contra o diretor Justin Baldoni, expõe padrão de violência contra mulheres nos bastidores da indústria cinematográfica.Créditos: Reprodução Instagram (@katebeckinsale)
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A atriz britânica Kate Beckinsale, conhecida por filmes como Amor e Amizade, Canary Black e a franquia Anjos da Noite, revelou experiências traumáticas vividas nos bastidores da indústria cinematográfica. Suas declarações foram feitas em resposta às acusações de Blake Lively contra o diretor Justin Baldoni, em meio a uma batalha legal que tem repercutido em Hollywood.

"Assédio e gaslighting": relatos de Beckinsale

No vídeo publicado nesta segunda-feira (30) no seu perfil no Instagram, Beckinsale descreve episódios de abuso físico e emocional sofridos durante sua carreira. Ela afirma ter sido "assediada" e "apalpada" em sets de filmagem, além de ter sido insultada com palavras como “vadia” e “idiota” quando tentou denunciar os episódios.

"Aos 18 anos, fui apalpada por alguém em quem confiava na equipe de produção. Quando contei para a atriz principal, conhecida por apoiar mulheres, ela respondeu: ‘Isso não aconteceu’. Procurei outra colega, chorando, e novamente ouvi: ‘Isso não aconteceu’", relatou.

Beckinsale também revelou ter sido colocada em situações inseguras durante cenas de ação.

"Há um certo tipo de ator que sente prazer em machucar uma mulher legalmente durante uma sequência de luta. Fui ferida ao ponto de precisar de ressonâncias magnéticas para comprovar o dano. Mesmo assim, fui manipulada, culpada e isolada por mencionar o problema", disse.

As denúncias de Blake Lively e o apoio de Beckinsale

As declarações de Beckinsale seguem as acusações de Blake Lively contra Justin Baldoni, diretor de É assim que acaba (It Ends With Us, no original em inglês) (leia abaixo).

Lively apresentou uma queixa judicial de 80 páginas detalhando comportamentos inadequados e uma suposta campanha difamatória contra ela.

Baldoni nega as alegações e promete apresentar uma contra-ação. A denúncia de Lively ganhou o apoio de nomes como Amy Schumer, America Ferrera, Amber Heard e a autora do livro que inspirou o filme, Colleen Hoover.

Beckinsale, ao comentar o caso, afirmou que o episódio evidencia “a máquina que entra em ação quando uma mulher denuncia algo legitimamente ofensivo e prejudicial nesta indústria”.

Impacto psicológico e físico

A atriz britânica da franquia Anjos da Noite também mencionou episódios de misoginia e controle extremo sobre sua aparência física. Em um caso, ela ouviu produtores comentarem: “O que diabos vamos fazer? Como podemos torná-la atraente?”.

Isso resultou em uma dieta tão rigorosa que afetou seu ciclo menstrual. Beckinsale ainda relatou ter sido obrigada a participar de uma sessão de fotos apenas um dia após sofrer um aborto espontâneo. "Disse que não queria, que estava sangrando, e ouvi: ‘Você tem que ir ou será processada’", revelou.

Denúncia sistemática e apelo por mudanças

Beckinsale destacou o caráter recorrente do abuso na indústria cinematográfica e a necessidade de mudanças estruturais.

“É muito fácil fomentar ódio contra atrizes, como visto nas conversas vazadas entre publicitários e equipes de crise nesse caso. Denunciar abusos não deveria gerar mais abusos, especialmente no trabalho, onde deveriam existir mecanismos invioláveis de proteção.”

A atriz finalizou seu desabafo conclamando homens e mulheres da indústria a atuarem de forma proativa contra esses comportamentos: “Há muitas vítimas disso, muitas das quais conheço pessoalmente. Cabe a todos nós acabar com isso de uma vez por todas.”

Padrão machista e misógino

As revelações de Beckinsale refletem um padrão de abusos que, com a força de movimentos como o #MeToo, têm ganhado visibilidade. No entanto, como mostram as acusações recentes de Blake Lively e a resposta de Kate Beckinsale, há ainda um longo caminho a percorrer para que Hollywood se torne um ambiente verdadeiramente seguro e igualitário.

É Assim que Acaba

Reprodução Amazon - Livro de Colleen Hoover adaptado para as telas.

O filme É Assim Que Acaba (It Ends With Us, no título original) é a adaptação cinematográfica do romance best-seller de Colleen Hoover, lançado em 2016. O filme, dirigido por Justin Baldoni, estreou nos cinemas brasileiros em 8 de agosto de 2024.

A trama acompanha Lily Bloom (Blake Lively), uma mulher que, após uma infância traumática, muda-se para Boston com o sonho de abrir seu próprio negócio. Lá, ela inicia um relacionamento com Ryle Kincaid (Justin Baldoni), um neurocirurgião carismático.

Divulgação Sonny - Cartaz do filme "É Assim que Acaba"

A relação, porém, se complica com o retorno de Atlas Corrigan (Brandon Sklenar), seu primeiro amor, levando Lily a enfrentar desafios emocionais e a refletir sobre questões profundas de amor e abuso.

O romance original de Colleen Hoover aborda temas delicados como relacionamentos abusivos e a força da superação, inspirado em experiências pessoais da autora.

Divulgação Sonny - Cena do filme "É Assim que Acaba"com Blake Lively e Justin Baldoni, que intepreta e dirige o longa.

A adaptação cinematográfica buscou manter a essência da obra, contando com a consultoria de especialistas em violência doméstica para retratar com sensibilidade as situações apresentadas.

Curiosamente, os consultores da filmagem não foram capazes de identificar o ambiente tóxico segundo relatos da protagonista do longa.

Além disso, a produção colaborou com organizações de apoio a vítimas, visando aumentar a conscientização sobre o tema e oferecer recursos para quem enfrenta situações semelhantes.

No Brasil, o filme está disponível nas plataformas de streaming Prime Video e Max.

Assista ao trailer

Com informações de The Guardian

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