O Partido dos Trabalhadores (PT), a partir do movimento Elas por Elas, lançou uma nota na tarde desta quarta-feira (30) celebrando a aprovação do projeto de lei da interrupção voluntária da gravidez na Argentina. A legenda considerou o resultado como histórico e uma garantia da "autonomia das mulheres diante dos seus corpos".
"O movimento feminista, através da Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto Seguro, Legal e Gratuito, teve papel fundamental nessa conquista. O tema foi abordado pela primeira vez no congresso em 2018. Desde lá a campanha se empenhou em fazer o debate com a sociedade civil e na esfera pública", diz trecho da nota do PT.
A secretária nacional de mulheres, Anne Moura, afirmou que “essa vitória faz parte da luta internacional das mulheres para a garantia do aborto legal, seguro e gratuito". "Nossas hermanas acendem a chama feminista na América Latina”, afirmou.
O partido destacou que a lei foi aprovada junto do “Plano dos mil dias”, que tem como objetivo garantir a atenção integral a gestantes em situação de vulnerabilidade social que desejem manter a gravidez.
O PSOL usou as redes sociais para celebrar o resultado, logo pela manhã. "Histórico! Argentina aprovou o direito ao aborto, legalizando a interrupção até a 14ª semana de gestação. No Brasil, seguimos na luta para que mulheres pobres não morram em clínicas clandestinas por não ter direito de decidir sobre seu próprio corpo. Parabéns, hermanas!", diz mensagem publicada no perfil oficial do partido.
A ex-deputada Manuela D'Ávila, do PCdoB, comentou sobre o resultado e disse que é importante aprender uma lição com as argentinas. "Levantar a cabeça e seguir lutando até a vitória: essa é a lição que as argentinas nos dão. Em 2018 tomaram as ruas com seus pañuelos verdes. Foram derrotadas. Nessa madrugada, aprovaram o projeto que prevê a interrupção voluntária da gravidez", declarou.
Por outro lado, o presidente Jair Bolsonaro já disparou ataques sobre o projeto.
A votação
A votação terminou na madrugada desta quarta com 38 votos a favor, 29 contra e uma abstenção. A sessão foi marcada por longos discursos e por algumas senadoras "celestes" - contra a legalização - em 2018 que viraram "verdes" - pró-legalização.
Um dos discursos que mais repercutiu foi o da senadora Ana Almirón, do bloco Frente de Todos (governista) da província Corrientes. “Esta lei é a justiça social porque iguala o acesso à saúde para ricos e pobres; porque protege meninas e mulheres jovens; porque equivale à empatia aquela desigualdade de origem com um Estado presente preservando a saúde de todos”, declarou.
“Ser obrigada a gestar uma gravidez completa quando não desejada é um ato de tortura”, completou.