SEGURANÇA PÚBLICA

Barroso defende evento para debater "a questão das drogas no Brasil sem preconceito"

Presidente do STF afirma que há dois caminhos: repressão, que já é feita no Brasil, e a legalização. "Temos que partir do pressuposto que o que nós estamos fazendo não está dando certo".

Luís Roberto Barroso, presidente do STF.Créditos: Fellipe Sampaio/SCO/STF
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De Davos, na Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, defendeu a formatação de um grande evento para debater a questão das drogas "sem preconceito" e a relação com a segurança pública no Brasil.

"Eu acho que nós precisamos ter, eu mesmo penso em organizar um grande evento, talvez no Conselho Nacional de Justiça, para nós repensarmos e debatermos a questão da segurança pública no Brasil e a questão das drogas no Brasil sem preconceito", afirmou em entrevista ao jornal Valor Econômico.

Barroso falou do tema ao analisar a preocupante situação da segurança pública no Brasil, que está atrelado às facções criminosas que comandam o tráfico de drogas.

"A questão da segurança pública não é só no Rio. E talvez o Rio não seja o pior Estado, apesar de ter mais visibilidade e apesar de ter essa combinação pavorosa de tráfico com milícia. De modo que o Rio é uma situação à parte, mas não é muito diferente do resto do Brasil. Mais recentemente, as minhas preocupações também se voltaram para a Amazônia. O Brasil corre risco de perder a soberania da Amazônia, não para outros países, mas para o crime organizado”, afirmou.

O ministro ainda chamou a atenção para a relação do tráfico com a criminalidade ambiental, de extração ilegal de madeira, de mineração ilegal, de grilagem de terras e de queimadas.

O presidente da Suprema Corte avalia que é preciso se debater a questão das drogas sobre as perspectivas de repressão, que já é feita no Brasil, e experiências de legalização em outros países.

“Essa é uma guerra que nós estamos perdendo. De modo que não importa a visão de cada um sobre o endurecimento da repressão ou sobre as experiências de legalização que há em outros países. Seja qual for o caminho que se escolha, nós temos que partir do pressuposto que o que nós estamos fazendo não está dando certo. E o maior problema que eu vejo é o domínio que o tráfico exerce sobre muitas comunidades pobres do Brasil", afirmou.