EXTREMA DIREITA

Barroso diz que confusão com STF começou por causa da bancada bolsonarista

Ministro do Supremo deixou claro que clima de incivilidade e barbarismo que colocou tribunal como alvo do ódio tem origem na turba de arruaceiros que venera Jair Bolsonaro

Créditos: Nelson Jr./SCO/STF
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A responsável por colocar o Supremo Tribunal Federal como um inimigo do Brasil na mente de parte da população foi a bancada bolsonarista no Congresso Nacional. A afirmação é de Luís Roberto Barroso, ministro da Corte, dita numa entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, publicada no fim da noite de sábado (30).

“Houve um presidente da República que elegeu o Supremo como seu adversário... como o seu principal inimigo”, começou dizendo Barroso. Para ele, tanto da parte dos políticos que veneram o ex-presidente como de seus eleitores, a estratégia deu certo e lançou o tribunal na confusão que se instalou no país nos últimos anos.

“O ex-presidente atacava o tribunal e ofendia seus integrantes com um nível de incivilidade muito grande. Em qualquer parte do mundo, isso seria apavorante... Foi relativamente tolerado por um grande contingente de eleitores que se identificaram com aquela linguagem e atitude”, completou.

“É natural que estes parlamentares queiram corresponder às expectativas dos seus eleitores que acham que o Supremo é parte do problema”, disse ainda o magistrado.

Já em relação à Câmara e ao Senado, enquanto instituições, o ministro do STF diz que a Corte mantém excelente relação, citando o deputado Arthur Lira (PP-AL) e o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), este último a quem classificou como “uma liderança importante e extremamente civilizado e educado”.

“Ele (Rodrigo Pacheco), presidente de uma Casa, procura, em alguma medida, expressar o sentimento dominante naquela Casa. O que eu verbalizei mais uma vez é que mexer no Supremo, no ano em que foi invadido por golpistas antidemocráticos, é uma simbologia ruim”, explicou Barroso.

Em relação ao balanço que faz da atuação do Supremo Tribunal Federal cumprindo suas funções como instância máxima do Judiciário nacional, o ministro disse que a Corte “tem feito bem ao país”, ainda que tenha afirmado que, como toda instituição humana, apresente falhas.

“O Supremo tem feito muito bem ao país. Na defesa da democracia, nós prestamos um serviço importante. Não acho que o STF acerta sempre. Como uma instituição humana, ele tem falhas. Num colegiado, pessoas têm ideias próprias, às vezes um de nós diverge de alguma linha que prevaleça, ninguém é dono da verdade”, ponderou Barroso.

Já no que diz respeito à ação do STF para frear o autoritarismo e o golpe de Estado tentado pelos bolsonaristas, o magistrado do Supremo foi mais direto.

“Nós conseguimos deter o populismo autoritário, prestamos um serviço imprescindível ao país, que é a preservação da Constituição e da democracia... O Supremo cumpriu o seu papel. Opinião pública é um conceito um pouco volátil, ela varia e muda a opinião pública de lugar com frequência. Eu sou um sujeito que eu vivo para a história e não para o dia seguinte”, concluiu.