MARANHÃO

Fazendeiros e PM despejam famílias de ocupação do MST sem mandado judicial

Movimento alega que a Fazenda Vila Rica, no município de Governador Edison Lobão, apresenta irregularidades no registro de imóveis e que, por isso, foi ocupada

Ocupação da Fazenda Vila Rica, no Maranhão.Créditos: Reprodução/MST
Escrito en MOVIMENTOS el

O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) denunciou em suas redes sociais que na última terça-feira (31), fazendeiros se articularam com a Polícia Militar para retirar sem a apresentação de um mandado judicial de reintegração de posse uma ocupação do movimento na Fazenda Vila Rica, localizada no município de Governador Edison Lobão, no Maranhão.

A articulação dos fazendeiros conseguiu, de fato, desocupar a área. Para militantes do MST que falaram com a reportagem, tratou-se de um "despejo ilegal". Eles dizem que os fazendeiros destruíram alimentos dos trabalhadores e equipamentos para cozinhar, dormir e montar barracas.

"Isso tem uma relação com a articulação que estão fazendo agora em vários estados, chamada 'invasão zero'. O povo continua mobilizado e em luta. Estamos convictos da legitimidade da luta pela terra, mas de fato a ocupação se desmanchou. Não teria como fazermos resistência, mesmo o despejo sendo ilegal, com aquele aparato policial e com a articulação dos fazendeiros. A sede da fazenda fica a 1300 metros da área ocupada. E foram pra lá mais de 50 caminhonetes Hilux, rodeando, ameaçando e criando um clima de tensão e tortura psicológica", disse o militante que presenciou a cena e pediu para não ser identificada.

De acordo com o movimento, a propriedade apresentaria “vícios documentais junto ao registro de imóveis” e, por isso, foi ocupada por 150 famílias. Em outras palavras, o MST aponta com a declaração a possibilidade de que a terra tenha sido grilada.

Ônibus do Estado do Maranhão foram levados ao local para retirar as famílias, ao passo que os fazendeiros queriam retirá-los nos seus próprios veículos. O MST afirma que já pediu para que o Incra investigue a propriedade.

Famílias trabalham na ocupação da Fazenda Vila Rica, no Maranhão. Reprodução/MST

O movimento pede que autoridades municipais, estaduais e federais atuem com urgência para resolver o conflito. Nominalmente, o MST cobra o Incra, a Sedihpop (Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular), o Ministério do Desenvolvimento Agrário, o Ministério Público, a Defensoria Pública, entre outros.

Famílias trabalham na ocupação da Fazenda Vila Rica, no Maranhão. Reprodução/MST

Além disso, o MST aponta que segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT) o Maranhão é o estado que lidera os conflitos de terra no país, com mais de 200 casos registrados. Em sua página no Instagram, o movimento critica também o governo do Estado, a quem aponta uma “morosidade histórica em realizar a reforma agrária” e o “silêncio diante da violência do agronegócio”.

Famílias trabalham na ocupação da Fazenda Vila Rica, no Maranhão. Reprodução/MST