A Justiça condenou a CNN Brasil a pagar indenização por danos morais ao jornalista Renan de Souza, que atuou na emissora de 2020 e 2022. O valor a ser pago é R$ 50 mil.
O profissional disse no processo que foi alvo de uma frase racista dita por Asdrúbal Figueiró Júnior, então editor-chefe.
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O caso ocorreu durante uma discussão na edição de uma reportagem sobre o assassinato do estadunidense George Floyd, em 2020. “Isso é coisa de preto”, disparou o superior, segundo o processo.
Souza disse, ainda, que teria discordado de um corte proposto por Figueiró para a reportagem. Ele justificou sua avaliação dizendo que do jeito que o editor queria não passaria a imagem correta do que ocorreu com Floyd, homem negro, sufocado até a morte por um oficial branco, em ação abusiva da polícia.
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“Você está dizendo isso porque é preto, está querendo defender preto, e você não entende nada de racismo”, rebateu o editor-chefe, ainda conforme Souza.
Uma testemunha ouvida no processo confirmou o que Figueiró disse: “Isso é coisa de preto” e “vocês estão querendo defender preto”. A pessoa que observou o fato relatou, também, que Souza ficou muito abalado e até chorou depois da discussão.
Asdrúbal Figueiró Júnior negou ter feito qualquer comentário de cunho racista. Ainda cabe recurso da decisão. Em primeira instância, Renan de Souza perdeu o processo. Porém, reverteu na segunda.
O desembargador Paulo José Ribeiro Mota, relator do caso, concedeu ao jornalista a vitória por danos morais por assédio e racismo, de acordo com o Notícias da TV.
O que dizem CNN e Asdrúbal
A CNN divulgou uma nota em que alegou ser contrária à discriminação e ressaltou que a Justiça não apontou racismo estrutural em sua decisão favorável ao ex-funcionário.
“A CNN Brasil repudia veementemente qualquer ato que remeta a racismo ou qualquer outro tipo de discriminação. A CNN Brasil normalmente não comenta decisões ainda passíveis de recurso, como esta. No entanto, a empresa esclarece que a decisão de segunda instância confirmou todos os elementos improcedentes da sentença de primeira instância, exceto um. O Tribunal, de forma unânime, confirmou que não houve discriminação nem racismo estrutural e, em decisão não unânime, concedeu ao ex-colaborador uma indenização por danos morais em razão de um único episódio de desentendimento com outro ex-colaborador, que não faz parte do quadro da empresa há quase dois anos”.
Asdrúbal Figueiró Júnior, em entrevista à Veja, negou ter proferido as frases de cunho racista. “Não fui citado nem ouvido no processo trabalhista contra meu ex-empregador. Não usei nenhuma das frases atribuídas a mim, nem nunca usei nenhuma expressão com conotação racial em discussões de trabalho”.
“No episódio em questão, meu argumento era que, sim e obviamente, deveríamos usar a imagem do policial ajoelhado no pescoço de George Floyd na reportagem, mas que ela não deveria ficar muito tempo ininterruptamente no ar. É uma imagem angustiante, de uma pessoa sofrendo, agonizando”, acrescentou.
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