Luciano Callegari, 86 anos, foi braço de direito de Silvio Santos por 40 anos na administração do SBT, tendo participado inclusive de sua fundação, além de ser considerado pelo próprio apresentador como seu melhor amigo. Ficou por lá até o ano 2000.
Em entrevista exclusiva à coluna de Mônica Bergamo, na Folha, ele fez duras críticas à administração das filhas de Sílvio, algo que, segundo ele, já vem sendo desenhado mesmo antes da morte do amigo.
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"Não precisou o Silvio morrer para sabermos qual será o caminho do SBT. Desde que o Silvio deixou de participar, e suas filhas e a Iris [Abravanel] começaram a liderar os negócios, nós vimos que a falta de experiência e os egos são o que ditam hoje o caminho do SBT. Infelizmente, o SBT deixou de ser vice-líder numa rapidez alarmante, e o caminho contrário é muito mais difícil", afirmou.
Callegari foi responsável, ao lado de Silvio, por levar a emissora para o segundo lugar no Ibope e até mesmo chegar a brigar em alguns momentos com a Globo pela liderança. Foi também o responsável pela entrada do SBT na teledramaturgia, viabilizando a produção de novelas como Éramos Seis e As Pupilas do Senhor Reitor.
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Destrur o DNA
"Acho que tem que haver um equilíbrio entre a marca colocada pelo Silvio e a modernização. Modernizar não quer dizer você destruir o DNA da empresa. É triste ver o caminho que o SBT está tomando", afirmou.
Durante a entrevista, ele comentou as decisões de Daniela Beyruti, filha número três de Silvio Santos, na direção da emissora. "A Daniela tem que descobrir alguma forma de melhorar o SBT. Faço votos para que ela consiga. Mas, até agora, ela não agradou. Transformar o SBT em 'Disney brasileira' é uma brincadeira, não pode ser levado a sério. A Daniela vai ter muitos problemas", desancou.
Influenciadores
Além disso, ele também falou sobre a escolha de influenciadores digitais para apresentar atrações na emissora. "O público da televisão aberta não é o mesmo público que eles têm em redes sociais. O DNA da televisão é outro. Você não pode esperar que o influenciador vire um apresentador, não é assim. Se a pessoa não tem talento, e como bem dizia o Boni, 'lastro', não vai durar", disse.
"O programa com a Virginia [Fonseca] é muito fácil de se destacar, mas não quer dizer que é um sucesso. Dar dois pontos [de audiência] e, eventualmente, cinco pontos não é um sucesso, principalmente naquele horário de sábado à noite. A Globo tentou com a Jade Picon, que tem no Instagram 22 milhões de seguidores. Colocou ela na novela [Travessia] e não deu mais audiência do que a novela daria", comparou.
"A migração das redes sociais para a televisão não é assim, os números são muito maiores na televisão. Não podemos também esquecer do fato de que muita gente que só acompanha a televisão não sabe quem são esses influenciadores. Nós vivemos num país onde a grande massa ainda não tem todo esse conhecimento", completou.