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Jovem Pan News, de racismo a saudação nazista: relembre as polêmicas

Além dos escândalos, emissora se tornou a principal veia propagadora do discurso bolsonarista em 2022

Programas da Jovem Pan como Os Pingos nos Is, 3 em 1, Morning Show e Linha de Frente foram alvos do MPF.Créditos: Reprodução
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A Jovem Pan News coleciona uma série de escândalos cometidos ao vivo em suas programações, além de ter se tornado uma das principais vozes do bolsonarismo ano passado, servindo muitas vezes de palanque político para o ex-presidente. 

Elogios à emissora se juntaram ao coro de “Globo lixo” por bolsonaristas, bem como ataques aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e ao sistema eleitoral durante o apoio a Bolsonaro nas eleições de 2022.

As polêmicas cometidas pelo veículo abalaram sua reputação e levantou sérias questões sobre sua integridade jornalística, assim como a forte contribuição para a propagação do ódio nas redes sociais. 

Assim, a Revista Fórum reuniu as polêmicas mais repercutidas nos últimos anos pelos canais de comunicação da Jovem Pan. Veja a seguir algumas delas:

1- Saudação nazista ao vivo

Após o episódio de Monark defendendo o nazismo no canal Flow Podcast, no dia seguinte ao ocorrido o comentarista político Adrilles Jorge fez um gesto nazista ao vivo no jornal da Jovem Pan, o que é considerado crime. A polêmica tomou conta das redes sociais na época.  

Com a repercussão do episódio, Adrilles foi demitido e se disse contrário à relação nazista com o gesto, afirmando que estava apenas dando "tchau". Depois de 40 dias, ele voltou a ser contratado pela emissora.

2- Exibição de cena de estupro

No dia 12 de agosto de 2022, durante a transmissão do "Jornal Jovem Pan", às 20h30, foi apresentado um vídeo que revelava o anestesista Giovanni Quintella Bezerra, de 32 anos, preso por estupro na segunda-feira do dia anterior (11/08), em uma situação em que coloca o pênis na boca de uma paciente que estava sob efeito de sedativos para o parto de seu bebê. 

A exibição da imagem ocorreu sem qualquer censura ou filtro pela emissora. Em nota, a Jovem Pan disse não ter feito "apologia ao estupro e à violência contra a mulher" e que "adotou os cuidados necessários para exercer o trabalho de informar e preservar os direitos da vítima".

3- Racismo no programa “Morning Show”

A comentarista da Jovem Pan Zoe Martínez fez um comentário racista ao comentar sobre o Neguinho da Beija-Flor. Em sua fala no programa "Morning Show", ela afirmou que o sambista é "negro que na escuridão a gente só vê a gengiva".

Ironicamente, os participantes do debate discutiam o tema do racismo estrutural, quando abordaram o uso de um termo considerado racista por Nelson Piquet ao se referir a Lewis Hamilton. Em um vídeo de entrevista conduzida pelo jornalista Ricardo Oliveira em novembro de 2021, o ex-piloto fez uso do termo "neguinho" ao mencionar Hamilton.

4- Xenofobia no programa “Linha de Frente”

No programa "Linha de Frente", no canal Jovem Pan News, a jornalista Liliane Ventura realizou uma transmissão ao vivo em seu canal no YouTube, na qual respondeu a um comentário feito por Paola Carosella durante o podcast "Dia Cast". 

Paola, conhecida por sua participação como jurada no programa "MasterChef" da Band, causou alvoroço ao expressar sua aversão a se relacionar com eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro, caracterizando-os como "escrotos" e "burros". Liliane Ventura, que é uma defensora declarada do ex-presidente, manifestou sua profunda ofensa com expressões xenófobas. Em suas declarações, a jornalista argumentou que Paola ‘é argentina de nascença e vive no Brasil desde 2001 e que não deveria opinar sobre a política do país’.

5- Fake news sobre a Guerra na Ucrânia

A Jovem Pan News, ao relatar a invasão russa à Ucrânia, cometeu um erro crítico ao utilizar um vídeo que, na verdade, pertencia ao jogo "ARMA 3" e não representava a realidade dos acontecimentos. A incorreta exibição dessas imagens ocorreu enquanto os comentaristas da emissora analisavam a situação, incluindo a participação do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

O incidente rapidamente se tornou objeto de discussão e humor nas redes sociais, à medida que jogadores e telespectadores notaram a confusão entre as imagens de um jogo de computador e a cobertura jornalística real.

6- Polêmica com desembargador

Tiago Pavinatto anunciou sua saída da Jovem Pan no dia 22 de agosto deste ano. O apresentador esclareceu que sua decisão de deixar a emissora não foi resultado de uma demissão, mas sim uma escolha pessoal, motivada pela polêmica envolvendo o desembargador Airton Vieira, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

O episódio que gerou controvérsia ocorreu quando Pavinatto dirigiu palavras ofensivas ao desembargador, chamando-o de "vagabundo e tarado". Essa crítica  surgiu em decorrência de uma decisão judicial que absolveu um acusado de estupro de uma menina de 13 anos. 

O apresentador, que estava no programa "Linha de Frente" e era comentarista do programa "Os Pingos nos Is", manteve sua posição e se recusou a pedir desculpas pela declaração.

7- Choro de jornalista por Bolsonaro

Katiuscia Sotomayor, repórter da Jovem Pan, viralizou viral nas redes sociais no dia 3 de maio devido a uma entrada ao vivo na qual aparentemente lutava contra as lágrimas enquanto encerrava uma matéria sobre a operação da Polícia Federal na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em uma entrevista concedida à Folha de S.Paulo, a jornalista justificou com um suposto “problema físico” que estava enfrentando. "Eu entrei dez vezes ao vivo hoje [ontem] cedo atualizando essa pauta. Estava super dedicada e correndo [...] eu não chorei nem estava prestes a chorar. Estou me recuperando de um machucado e não percebi que não estava conseguindo disfarçar a dor".

8- Cassação de suas concessões pelo MPF

A emissora foi investigada pelo Ministério Público Federal que tentou a cassação de suas concessões de radiodifusão.  Em junho deste ano, o MPF de São Paulo ajuizou uma ação civil pública pedindo o cancelamento das três outorgas de radiodifusão da Jovem Pan e a aplicação de uma multa de R$ 13,4 milhões contra o veículo, por supostamente disseminar fake news e incitar atos antidemocráticos nos ataques de 8 de janeiro, em Brasília. O caso também repercutiu nas redes sociais, levando a trend “Responsabiliza Jovem Pan”