GOLPISMO NAS REDES

Conselho da Meta: Facebook, Instagram e WhatsApp erraram em golpe de 8 de janeiro no Brasil

Conselheiros independentes afirmam que empresa de Mark Zuckerberg não fez o suficiente "para proteger o direito dos brasileiros ao voto" ao manter vídeos golpistas de apoiadores de Bolsonaro no ar.

Mark Zuckerberg e Jair Bolsonaro.Créditos: Facebook/Presidência da República
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O Oversight Board, conselho independente de supervisão da Meta, conglomerado de Mark Zuckerberg que comanda Facebook, WhatsApp e Instagram, afirmou nesta quinta-feira (21) que a empresa errou ao não remover conteúdo de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) que incitavam o golpe desencadeado no dia 8 de Janeiro no Brasil.

"A remoção deste conteúdo e outros similares é necessária e proporcional para proteger o direito dos brasileiros ao voto e a participar na vida pública", disse o Conselho.

Antes, os conselheiros alertaram que a conduta da Meta na ocasião vai contra os precedentes da própria empresa e culpa as plataformas pelo "abuso" feito por golpistas no Brasil.

"[A Meta] não fez o suficiente para combater o potencial abuso de suas plataformas por meio de campanhas coordenadas como as que vimos no Brasil".

A análise cita um vídeo publicado no dia 3 de janeiro no Facebook em quem um general convoca pessoas a sitiarem o Congresso como "última alternativa" após a posse de Lula, dois dias antes.

O conselho da Meta diz que o vídeo conclama as pessoas a "irem às ruas" e "irem ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal" em meio a imagens de um incêndio na Praça dos Três Poderes com a legenda "Venha para Brasília! Vamos sitiar os três poderes".

A publicação foi denunciada por usuários por violar as regras sobre "violência e incitação. No entanto, um moderador concluiu que o vídeo não violava as regras da plataforma.

O usuário recorreu da decisão, mas ela foi mantida por um segundo moderador. No dia seguinte, seis outras denúncias foram analisadas por cinco moderadores diferentes, e todos concluíram que o vídeo não violava as políticas da Meta e, portanto, não seria removido.

"Este caso gera preocupações sobre a eficiência dos esforços de integridade eleitoral da Meta na eleição do Brasil em 2022 e em outros locais", disse o conselho em sua decisão.

Com informações de Patrícia Campos Mello, na Folha de S.Paulo