A jornalista e repórter especial da Folha, Laura Mattos, foi uma das primeiras a comentar, na manhã de terça-feira (9), a morte da cantora Rita Lee. Seu texto, correto e até mesmo afetuoso, descrevia fatos e atitudes que a própria cantora nunca deixou de revelar, sobretudo em seu livro “Rita Lee – Uma Autobiografia”, lançado em 2016.
Atrás de clicks e controvérsias, no entanto, a edição deu ao texto o pavoroso título: "Rita Lee, rebelde desde a infância, se deixou guiar por drogas e discos voadores". A própria autora afirma que não foi “de fato, uma boa escolha”.
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A Fórum fez uma nota lembrando que Rita Lee brincou, prevendo coisa parecida quando ela morresse. No capítulo ‘Profecia’, do seu livro autobiográfico, ela escreve:
"Ela nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa.”
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Após a repercussão extremamente negativa do título, o jornal mudou para: “Drogas tiveram papel político na trajetória de Rita Lee, rebelde desde a infância.”
Linchamento
Laura Mattos sofreu, assim como vários outros nas redes, um injusto, exagerado e desmedido linchamento virtual por conta do texto, mais precisamente do seu título. Nesta quinta-feira, ela voltou ao jornal para comentar o episódio, que chamou de seu “primeiro linchamento virtual”. Descreveu a reação de parentes e amigos e, ao final, sua longa reflexão sobre se deveria ou não comentar sobre o assunto:
“Depois de fechar minhas redes sociais, acalmar familiares e amigos queridos que me escreveram, e tentar dormir sobre essa história, a dúvida nesta manhã, 24 horas e o meu primeiro linchamento virtual depois, era a de escrever ou não sobre a polêmica.
Diante de tanto ódio, descontrole e falta de noção, eu deveria me expor ainda mais? Poderia soar como satisfação a quem não merece? Ignorar não seria a melhor resposta? O certo não seria deixar isso morrer logo, como quase tudo na internet?”, questionou.
E encerrou:
“E então, ao voltar para casa, resolvi escrever este texto pelos meus meninos. Para os agressores, só tenho a dizer que ‘mais louco é quem me diz, e não é feliz’.”