MÍDIA

Jornalista que defendeu chamar deputada de puta ataca a Fórum

Para a colunista da Folha Mariliz Pereira Jorge não há problema Maria do Rosário ser chamada de “puta” por Danilo Gentili em nome da “liberdade de expressão”

Créditos: Montagem: Jair Bolsonaro, Luciane Farias, a fachada do Estadão e a capa da IstoÉ, exemplo de misoginia contra Dilma
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A colunista da Folha Mariliz Pereira Jorge atacou a Revista Fórum com o objetivo de defender a editora do Estadão Andreza Matais no caso da enxurrada de críticas à matéria que criou o factoide sobre a tal “dama do tráfico”.

Mariliz diz que a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, compartilhou um texto da Fórum “recheado de desinformação”. O texto a que a colunista se refere é uma denúncia enviada ao Ministério Público do Trabalho do Distrito Federal, onde jornalistas do Estadão denunciam que eram assediados a assinarem matérias eticamente questionáveis, como no caso da ida de Luciane Farias, presidente da Associação Instituto Liberdade do Amazonas e esposa de Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas, que seria ligado ao Comando Vermelho, ao Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos. A denúncia aponta que o interesse da editora do Estadão com a matéria era prejudicar a possível indicação de Flávio Dino ao Supremo Tribunal Federal.  

A reportagem da Fórum teve acesso à denúncia, procurou a Andreza Matais, que negou as acusações (seu posicionamento consta na matéria), confirmou que a denúncia existe no MPT-DF e ouviu jornalistas do Estadão em off. Em momento algum a reportagem da Fórum fez qualquer ataque à jornalista, e nem a chamou de “dama das fake news” com sua foto. Foram as críticas aos erros de edição da matéria que levaram a repercussão negativa nas redes e a ataques pessoais à jornalista.  

Leandro Demori, reconhecido jornalista, foi um dos que criticou a reportagem do Estadão que tentou criar um escândalo relacionado Dino e o PT ao crime organizado. Ele sim foi intimidado por jornalistas da chamada “imprensa tradicional”. Demori que trabalha na Empresa Brasil de Comunicação (EBC), afirmou que Tácio Lorran, um dos autores da reportagem no Estadão, pediu à TV Brasil, comandada pela EBC, "detalhes sobre seu salário".

Não foi a primeira vez que jornalistas do Estadão intimidaram colegas. Andreza Matais foi às redes sociais no dia 4 de outubro para intimidar George Marques, assessor da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), que desmentiu uma matéria publicada por seu jornal sobre o presidente Lula, supostamente, ter coordenado um empréstimo bilionário do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) para a Argentina. George desmentiu a fake news de que Lula teria telefonado para Simone Tebet, ministra do Planejamento, para conceder o empréstimo. A própria Simone declarou que não havia recebido qualquer telefonema e que o empréstimo foi aprovado com 19 votos a favor e 2 contra pelos membros da direção do banco.

“Atenção! A decisão de empréstimo de 1 bilhão de dólares do CAF à Argentina foi tomada pela diretoria do banco, composta por países membros, e não teve interferência do presidente Lula. Verifique os fatos e espalhe a verdade”, escreveu o servidor no X (antigo Twitter). 

Matais comentou com “11.306,90”, o salário do assessor. Revoltado, George questionou: “O que significa isso?”

A jornalista da Revista Fórum Cynara Menezes fez uma pesquisa na mídia amazonense e descobriu que Luciane Farias nunca tinha sido chamada por “dama do tráfico” em seu estado. E o próprio autor da matéria do jornal confirmou e depois apagou o tuíte.

Portanto, casos como a criação do factoide da “dama do tráfico” e essa recente matéria acusando Lula de interferir em empréstimo de banco mostram quem sobrevive de fake news, com o interesse de atacar Lula e o governo do PT.

Mariliz chama a Fórum de “blog petista, versão de esquerda do bolsonarista Terça Livre. Assim como a página comandada pelo foragido Alan dos Santos, a Fórum é um antro que sobrevive de fake news e ataques ao jornalismo tradicional, em especial, a jornalistas mulheres”.

A Fórum nasceu muito antes de Bolsonaro (que aliás o jornalismo dito tradicional tem grande responsabilidade por ele ter sido eleito presidente da República). Quem fez editorial chamando a eleição de 2018 de “escolha difícil”? Precisamos falar do papel que essa imprensa teve na eleição de um presidente que passou quatro anos atacando jornalistas. Aliás, Fórum sempre denunciou todos os ataques.

A Revista Fórum nasceu em 2001 no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, com o objetivo de combater o pensamento único dos veículos de imprensa dita tradicional do Brasil, que defendem descaradamente pautas antipopulares, como as privatizações de setores estratégicos, até a água!, a retirada de direitos dos trabalhadores, se aliam com o agronegócio, com empresas que cometem crimes socioambientais, que mantêm trabalhadores em condições análogas à escravidão. Imprensa tradicional que sempre criminalizou os movimentos sociais. Imprensa tradicional, esta sim, que atacou de forma misógina e machista uma presidenta da República.

Onde estava Mariliz que agora vem falar de feminismo quando uma capa da IstoÉ fez ataques mentirosos contra Dilma, dizendo que ela estava “histérica” com um close de uma foto dela num estádio de futebol no jogo do Brasil na Copa? Matéria assinada por uma mulher, aliás.  

Para a colunista, não há problema em atacar algumas mulheres, especialmente quando elas são de esquerda. Na lógica de Mariliz, Danilo Gentili pode chamar Maria do Rosário de puta. Não há problema, em nome da “liberdade de expressão”.

Eu como jornalista e editora executiva da Fórum assim como todas as mulheres que aqui trabalham não somos oportunistas e usamos o feminismo somente quando nos convêm. Para nós, nenhuma mulher pode ser chamada de puta, a não ser que essa seja sua profissão.

E nossa linha editorial não se opõe apenas ao Terça Livre, se opõe ao chamado “jornalismo tradicional” do Brasil, que sempre esteve ao lado dos interesses do grande capital, inclusive defendeu a escravidão, se aliou a Hitler.

A Fórum vai continuar denunciando as armações da imprensa tradicional como sempre fez. E quem diz que a Revista Fórum vive de fake news terá que provar na Justiça.

Por fim, confira a repercussão dos ataques da colunista à Fórum: