MODUS OPERANDI?

Leandro Demori acusa Estadão de nova intimidação por críticas à matéria sobre "dama do tráfico"

Segundo o jornalista, uma editora do periódico paulista teria pedido a outros profissionais da imprensa que apagassem as postagens críticas à reportagem

O jornalista Leandro Demori.Créditos: Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
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O jornalista Leandro Demori, da TV Brasil, acusou o jornal Estadão de estar promovendo mais uma intimidação por conta das críticas que fez ao factoide do periódico paulista criado para atacar Flávio Dino, relacionando o ministro da Justiça a Luciane Barbosa Farias, presidente da Associação Instituto Liberdade do Amazonas e esposa de Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas, que seria ligado Comando Vermelho

Através das redes sociais, Demori vem apontando uma série de erros e inconsistências na reportagem do Estadão que tenta ligar Dino à facção criminosa. Neste sábado (19), o jornalista informou que uma editora do Estadão teria telefonado para dois outros profissionais de imprensa que repercutiram suas críticas pedindo para que eles apagassem as publicações

"Acabei de receber a informação de que uma editora do Estadão ligou para ao menos dois jornalistas pedindo para que apagassem posts críticos sobre a tal “reportagem”. Ligações em tom intimidatório", escreveu. 

Salário 

Na última quinta-feira (16), Leandro Demori já havia denunciado suposta intimidação do Estadão pelo mesmo motivo. Segundo ele, um dos autores da primeira reportagem do periódico paulista sobre a "dama do tráfico" - apelido inventado pelo próprio jornal - pediu à TV Brasil, comandada pela EBC, "detalhes" sobre seu salário. 

"Depois que eu publiquei minha avaliação sobre esse caso da “Dama do Tráfico do Amazonas”, um dos repórteres do Estadão, que assinou a primeira reportagem do caso, pediu à TV Brasil detalhes sobre meus salário. Chama atenção que Tácio Lorran reaja a uma crítica pontual a seu trabalho – que fiz de forma aberta, sem pessoalizar – com o que, me parece, uma tentativa tosca de retaliação, pra ficar em termos republicanos. Qual o interesse na minha remuneração? Isso é pauta?", indagou Demori na rede X, antigo Twitter.

"Todas essas informações, como eu disse, são públicas. Por que motivos o jornal Estadao está permitindo esse tipo de procedimento? É assim que um repórter do jornal lida com críticas?", prosseguiu o jornalista. 

"Aparentemente há um jovem repórter se inspirando em velhas práticas – sob a guarda de seus editores. Se acham que vão me intimidar, entrem na fila", afirmou ainda.

"Dama do tráfico"

O outro autor da primeira reportagem do Estadão,  o jornalista André Shalders admitiu nas redes sociais que a alcunha de "dama do tráfico" para definir Luciane Barbosa Farias, presidenta da Associação Instituto Liberdade do Amazonas, foi inventada por ele a partir da declaração de uma fonte.

"Estou respondendo a todo mundo porque tenho como provar tudo o que escrevei. Quanto ao 'dama do tráfico', foi uma expressão usada por uma fonte. Achei peculiar e coloquei no texto", comentou Shalders em resposta a Cynara Menezes, da Fórum, na rede X. 

O jornalista, no entanto, apagou a publicação em seguida.

Cynara já havia adiantado que não há quaisquer registro na imprensa amazonense ou nos órgãos de investigação dando o rótulo à Luciane Barbosa Farias, que é esposa de  Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas, que seria ligado Comando Vermelho. 

No entanto, Luciane já afirmou que não faz parte da facção criminosa. Ela foi escolhida pelo Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura do Amazonas (CPTEC-AM) para participar de encontro do Ministério dos Direitos Humanos, em Brasília.

Luciane também esteve na Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça acompanhando a ex-deputada Janira Rocha, vice-presidente da Comissão de Assuntos Penitenciários da ANACRIM-RJ, no dia 19 de março. E no dia 2 de maio, e encontrou com Rafael Velasco Brandani, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).

À época, ela não tinha condenações na Justiça e chegou a ser absolvida por "ausência/fragilidade de provas" em processo sobre tráfico de drogas. 

"Fui absolvida na primeira instancia, isso os jornais não estão mostrando", escreveu no Instagram. Condenada em segunda instância somente no mês passado, ela recorre em liberdade.