ELEIÇÕES 2022

Folha e Globo fazem coro em editoriais para atacar Lula e o PT e defender reformas liberais

Jornalões fazem ação programada para defender teto de gastos, reforma trabalhista e privatizações

Lula.Créditos: Ricardo Stuckert
Escrito en MÍDIA el

Quem imaginava que desta vez seria diferente, pode perder as esperanças. A dobradinha da Folha e do Globo, jornalões da mídia que se autoproclama “profissional”, disparou em ação combinada nesta quarta-feira (8), editoriais em que condenam as diretrizes para a construção de um programa de governo do PT divulgadas na última segunda-feira.

O Programa de Reconstrução do Brasil, idealizada pelos sete partidos que compõem a aliança de apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), chamada de “equívoco” pelo Globo, tem uma forte ênfase na superação do modelo neoliberal - "que levou o país ao atraso" - e diz que diante da devastação "que nos trouxe de volta a fome, o desemprego, a inflação, o endividamento e o desalento das famílias" a prioridade será "a restauração das condições de vida da população brasileira".

Enquanto o Globo chama o documento de “um péssimo ponto de partida”, a Folha, por sua vez, considera que “Lula será pragmático em um eventual novo governo, deixando de lado ideologias em favor do bom senso”.

Os dois, no entanto, batem na mesma tecla e detonam a “revogação do teto para o gasto federal inscrito na Constituição em 2016, a ser substituído por ‘um novo regime fiscal’ que, aparentemente, permitirá o incremento de investimentos e programas sociais”, conforme diz a Folha.

Um tanto mais exaltado, o Globo afirma que “o histórico do PT no governo deixa claro que uma grave crise fiscal pode acarretar colapso econômico, como ocorreu em 2014”.

Privatizações

Os dois textos seguem de mãos dadas, exaltados com a provável interrupção das privatizações. Para o Globo, “’o tempo passa, o tempo voa, e o PT continua preso ao passado’”. Cita nominalmente Petrobras, Eletrobras e Correios. O caso da Eletrobras é o mais grave porque ela deverá ser privatizada antes das eleições. A menção, sem nenhum adendo sobre o respeito a contratos, é uma afronta aos pequenos investidores que neste momento correm para reservar pedidos de ações”.

Já para a Folha, “o PT rejeita as privatizações e diz que a Petrobras ‘será colocada de novo a serviço do povo brasileiro’. Nem é necessário recordar os esquemas bilionários de corrupção descobertos na estatal; basta o prejuízo insustentável produzido pela política de segurar preços na tentativa inútil de mascarar a inflação”.

Reforma trabalhista

Ao fim e ao cabo, os dois jornalões, em um extraordinário efeito avestruz, como se o país não vivesse uma de suas maiores crises de desemprego, atacam o fim da reforma trabalhista proposta pelo PT: “fala-se em revogar a reforma trabalhista, aprovada para facilitar contratações na esteira da escalada do desemprego durante a recessão de 2014-16”, diz a Folha.

O Globo, sempre um tanto mais exaltado, lembra que “o documento recomenda abolir a reforma do governo Temer, de 2017”. E prossegue: “parece inacreditável. A sanção da lei completará cinco anos em julho, e são evidentes os benefícios trazidos à vida de funcionários e empresas. As rescisões de comum acordo aumentaram, evitando litígios e diminuindo a insegurança jurídica. Regras mais flexíveis para salários e cargas horárias têm sido cruciais para a manutenção de empregos desde o estouro da pandemia. Processos na Justiça trabalhista despencaram”.

Tudo, portanto, continua como dantes no quartel de Abrantes. Bolsonaro é apenas uma mosca a ser enxotada. Para além dele, a disputa na “imprensa profissional” continua sendo pela preservação do velho e bom modelo neoliberal.

Posto isto, seus inimigos prováveis continuam sendo os mesmos: Lula, o PT, seus eleitores e os movimentos socias que representam.