Alinhada ao objetivo de Jair Bolsonaro (PL) - que já disse mais de uma vez que quer "se ver livre da Petrobras" -, o jornal O Globo dedicou seu editorial deste sábado (19) para defender a ideia de um desmonte da estatal petrolífera "em pelo menos dez empresas, todas privadas" cunhado pelo diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Edvaldo Santana, em artigo no mesmo jornal.
"Trata-se de uma sugestão que deveria ser examinada com toda a seriedade", diz O Globo com certo ar de sarcasmo ao emendar que a medida "não teria, obviamente, o condão de eliminar o impacto da flutuação do preço internacional no mercado brasileiro", imposta pelo governo golpista de Michel Temer (MDB) e mantido por Bolsonaro.
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De forma surreal, o jornal, porta-voz político da família Marinho, diz que "o domínio da Petrobras sobre o mercado de refino no Brasil" é "um elefante atrapalhando a discussão a respeito do preço dos combustíveis".
No entanto, a própria empresa cita que o monopólio do beneficiamento do petróleo foi quebrado em 1997. Mas, esquece de dizer que o país não vive crises de desabastecimento justamente por causa do refino feito pela Petrobras, responsável por 13 das 17 refinarias existente no Brasil.
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De forma confusa, O Globo retoma a questão da precificação dizendo que "implantar a concorrência" teria como "efeito mais óbvio tornar mais justos os preços ao consumidor", contrariando a informação anterior, de que o que determina o preço dos combustíveis atualmente é justamente a política de dolarização adotada pela Petrobras.
Mostrando seu total alinhamento à política econômica do governo - e os motivos de se colocar radicalmente contra Lula (PT) -, o jornal da família Marinho diz que "para que isso se torne realidade, é preciso mais que o presidente Jair Bolsonaro se dizer disposto a privatizar a Petrobras amanhã".
"A classe política tem de entender que a melhor forma de impor limites aos poderes da estatal sobre os preços é criar um mercado competitivo para valer", prega a Globo, mandando recado aos candidatos à Presidência em forma de ameaça velada.