A sexta-feira (4) marca seis anos de uma das maiores violências e demonstrações de perseguição perpetradas pelo ex-juiz Sergio Moro e sua turma da Lava Jato contra o ex-presidente Lula (PT).
No dia 4 de março de 2016, sem nenhuma razão legal que justificasse a medida excessiva e desnecessária, Lula foi vítima de condução coercitiva, método impositivo aplicado pela polícia, por ordem do Poder Judiciário, para assegurar que pessoas intimadas prestem depoimentos.
Por volta das 6 horas da manhã, a residência do ex-presidente e o Instituto Lula foram alvos de uma inexplicável operação espetaculosa da Polícia Federal (PF).
O fato foi antecipado por uma vergonhosa cobertura do Jornal Nacional (JN), exibido no dia anterior (3 de março) pela Rede Globo. A prova é que antes da condução coercitiva de Lula um avião da emissora da família Marinho sobrevoava o local antes da PF entrar no apartamento do ex-presidente.
Conforme destacado pelo Blog do Rovai, na Fórum, no dia da operação, “certamente já se sabia que a operação ocorreria ontem e por este motivo houve o vazamento tanto do suposto depoimento de Delcídio (Amaral, ex-senador que acusou Lula falsamente de comandar a corrupção na Petrobras), como foi realizado a partir disso um JN com quase toda sua programação dedicada ao tema e a Lula, com publicações de fotos de uma visita sua, já admitida pelo ex-presidente, ao apartamento do Guarujá”.
Rovai ressaltou o verdadeiro show promovido pela PF. “O nome da operação se chama Alithea (busca da verdade) e está sendo realizada em Atibaia, Guarujá, Diadema, Salvador e São Bernardo do Campo. Segundo a assessoria de imprensa estão envolvidos 200 policiais federais e 30 funcionários da Receita Federal. O que este blog apurou é que Lula estaria sendo levado para o Aeroporto de Congonhas, não se sabe se para prestar depoimento lá ou se para ser levado para Curitiba”, afirmou à época.
Foi um massacre recorde de mais de quarenta minutos
O jornalista Rodrigo Vianna também relatou, no dia 4 de março, em seu blog, Escrevinhador, a cobertura tendenciosa do telejornal global.
“Foi um massacre recorde de mais de quarente minutos. Como se já soubesse o que aconteceria no dia seguinte, o telejornal de maior audiência do Brasil deixou claro quem era o alvo. A guerra declarada pelo Globo, se tiver o desfecho que a família Marinho pretende, pode transformar o Brasil numa Colômbia”, escreveu Vianna.
“A Globo não tem o poder de outras épocas, é verdade. Mas segue a cumprir o papel de organizar a tropa conservadora”, prosseguiu o jornalista.
“A guerra contra Lula foi declarada há vários meses. Nas últimas semanas, Lula topou a briga (até porque não tinha saída), e também declarou guerra: ‘nesse país, não há partido de oposição, partido é a Globo’, disse ele. A Globo, nesta quinta-feira, dobrou a aposta. O alvo é Lula, depois Dilma. E por fim o PT”, acrescentou Vianna.
Jornal Nacional dedicou 85% do tempo a acusações contra Lula
No site Viomundo, a jornalista Bia Barbosa também criticou veementemente a postura do Jornal Nacional e da Rede Globo em artigo, cujo título é “Sem uma única crítica à operação, Jornal Nacional dedicou 85% do tempo a acusações contra Lula”.
“Nesta sexta-feira 4, em que o país parou para acompanhar o desfecho da operação da Polícia Federal que levou o ex-presidente Lula coercivamente para depor, o Brasil, uma vez mais, presenciou uma aula de manipulação da opinião pública pela Rede Globo", disse.
“Não se trata aqui de defender o ex-presidente Lula e o PT, tampouco de negar a importância que um fato como este deve ter para os meios de comunicação. Mas o que se espera de uma concessionária do serviço público de radiodifusão, num momento como este, é objetividade – até porque a ‘isenção e imparcialidade’ que Bonner afirma a Globo ter, não existem. O que se viu, entretanto, ao longo de uma hora e vinte minutos no principal telejornal do país, está muito distante disso”, ressaltou Bia.
No artigo, a jornalista questionou: “Alguma menção à declaração contundente de dois ministros do STF que consideraram a ação da PF arbitrária? Nada. À Folha de S.Paulo, Marco Aurélio Mello disse que ‘o atropelamento não conduz a coisa alguma. Só gera incerteza jurídica para todos os cidadãos. Amanhã constroem um paredão na praça dos Três Poderes’. E criticou o argumento utilizado pelo juiz Sergio Moro para embasar a condução coercitiva de Lula: ‘Será que ele queria essa proteção? Eu acredito que na verdade esse argumento foi dado para justificar um ato de força (…) Isso implica em retrocesso, e não em avanço’”.
“Mas a Globo não achou importante ouvir o STF neste caso. Pelo contrário, colocou declarações da OAB e de associações de magistrados e procuradores que defenderam a ação da PF”, apontou Bia.
Seis anos depois, o hoje presidenciável Sergio Moro (Podemos) foi desmascarado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que o classificou como suspeito e incompetente nas ações contra Lula. Além disso, a Lava Jato, totalmente desmoralizada, não existe mais.