Extintas há 200 anos, araras-canindé surpreendem ao ressurgirem no Rio de Janeiro

Reintrodução das aves no Parque Nacional da Tijuca marca avanço na restauração da fauna carioca

Araras Canindé
Araras CanindéCréditos: Wikimedia Commons
Escrito en MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE el

Quatro araras-canindé (Ara ararauna) chegaram ao Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro, na sexta-feira (6), mais de 200 anos após a última presença registrada da espécie em vida livre na cidade, datada de 1818.

Três fêmeas e um macho foram trazidos do parque Três Pescadores, em Aparecida (SP), e passam agora por um período de aclimatação em um viveiro instalado na floresta da Tijuca. A soltura definitiva deve ocorrer em até seis meses. A iniciativa é do projeto Refauna, com apoio do ICMBio.

As aves foram resgatadas de cativeiros ilegais e passaram por exames de saúde antes da transferência. O macho que chegou ao parque foi apelidado de Selton, em homenagem ao ator Selton Mello. As fêmeas se chamam Fernanda, Fátima e Sueli, inspiradas em personagens das atrizes Fernanda Torres e Andrea Beltrão.

Segundo o biólogo Marcelo Rheingantz, da UFRJ e coordenador do Refauna, apesar de haver registros esporádicos de araras fugidas em áreas urbanas, esta é a primeira tentativa de formar uma população estável da espécie no Rio.

Além de sua beleza, as araras-canindé têm papel essencial na dispersão de sementes, contribuindo para a regeneração da mata atlântica. Nos primeiros dias, elas estão sendo alimentadas com frutas e ração, mas serão incentivadas a consumir frutos nativos. Ninhos artificiais serão colocados no viveiro para auxiliar na adaptação.

Após a soltura, as araras serão monitoradas por radiotransmissores e anilhas coloridas. Também será desenvolvido um programa de conscientização com moradores e escolas do entorno, incentivando que registrem e informem os locais por onde as aves circulam.

A reintrodução das araras estava prevista desde 2019, mas foi adiada por falta de animais saudáveis e pela pandemia. Há expectativa de chegada de novos machos para ampliar o grupo. Sete araras estão em avaliação para possível transferência.

Para Breno Herrera, do ICMBio, em entrevista à Folha, o retorno da espécie representa um marco ambiental: “A floresta da Tijuca foi um cafezal no passado. Hoje, com a restauração em curso, é possível reintroduzir também a fauna. Esperamos que essas araras se reproduzam e voltem a habitar os céus do Rio.”

*Com informações de Folha. 

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