Desastres climáticos ameaçam quase metade das cidades brasileiras, aponta levantamento oficial

Mais de 2,6 mil municípios enfrentam riscos elevados de enchentes, secas e deslizamentos agravados pelas mudanças climáticas

Créditos: Arquivo MAB
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Dados do AdaptaBrasil, plataforma do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), apontam que aproximadamente 2.600 municípios brasileiros estão em situação de risco alto ou muito alto de sofrerem com desastres naturais como inundações, secas severas e deslizamentos de terra.

Especialistas defendem que a gestão do risco climático precisa seguir um processo estruturado: identificar os perigos, planejar as ações e executar as medidas com avaliação contínua. O pesquisador Pedro Ivo Camarinha, do CEMADEN, destaca a importância de uma gestão que considere tanto os problemas históricos da cidade quanto os impactos do clima. “É necessário aplicar uma lente climática sobre as questões urbanas”, afirma.

Programa federal amplia apoio a municípios

Para coordenar a resposta aos desafios climáticos, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima criou o programa AdaptaCidades. Inicialmente pensado para atender 260 cidades, o programa foi ampliado para mais de 500, após solicitações dos estados.

No Rio Grande do Sul, onde tragédias recentes agravaram a situação, 11 planos regionais serão elaborados para atender 206 cidades. O projeto inclui capacitação técnica, apoio à governança local e orientação para captação de recursos, com cronograma de execução até 2027. Cidades como Recife e Santos já adotam ações inovadoras, com projetos que vão desde contenção de encostas até criação de parques urbanos resilientes.

Apesar dos esforços, a execução dos planos enfrenta barreiras como orçamento reduzido e falta de prioridade por parte dos governos locais. Algumas questões, como o surgimento de ilhas de calor nos centros urbanos, ainda são negligenciadas nos planos municipais.

R$ 400 milhões para crise hídrica

Em outra frente, o Ministério das Cidades anunciou a liberação de R$ 400 milhões para 776 municípios que enfrentam crise hídrica. Os recursos serão aplicados em obras de infraestrutura, como sistemas de abastecimento rural, projetos de drenagem e manutenção de barragens.

Entre os casos mais críticos estão o de Santa Isabel do Rio Negro (AM) e Alter do Chão (PA), onde o rio Tapajós chegou ao menor nível desde 1995, com apenas 91 cm em 2024. Em Barretos (SP), a prefeitura decretou estado de emergência após quatro meses sem chuvas. A iniciativa busca prevenir novos colapsos hídricos diante do agravamento das mudanças climáticas.

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