Maior iceberg do planeta estava aprisionado, mas imagens de satélite mostram sua decomposição

Estacionado próximo a um refúgio de vida selvagem na Antártica, o maior iceberg do mundo iniciou seu processo de desintegração

A-23a, o maior iceberg do mundo.Créditos: Capture North/ divulgação
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No fim de 2023, a maior placa de gelo do mundo, o iceberg antártico A23a, com cerca de 4 mil km² de extensão (três vezes o tamanho de Nova York e quase do tamanho de Long Island), voltou a se movimentar.

Ele, que havia se deslocado pela primeira vez em 1986, ao desprender-se da plataforma de gelo em que estava ancorado (Filchner-Ronne), permaneceu encalhado por algum tempo no Mar de Weddell, no oceano Antártico.

No final de 2023, voltou a representar uma ameaça aos ecossistemas locais quando, por uma provável diminuição de seu volume, tornou a se movimentar e tomou a direção da Corrente Circumpolar Antártica rumo à "vala comum" dos icebergs, onde permanecem à deriva: a Passagem de Drake.

Apesar de a caminho da vala, o A23a ficou, no começo de janeiro deste ano, "encalhado" próximo à Ilha da Geórgia do Sul, habitat natural de milhares de pinguins, aves marinhas raras e outros espécimes antárticos.

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Agora, novas imagens de satélite coletadas pela NASA mostram que A23a está "começando a se desintegrar" em milhares de pequenos pedaços, enquanto permanece "estacionado" próximo ao refúgio de vida selvagem da Antártica.

"Poderia levar meses ou anos para o enorme pedaço de gelo desaparecer", explica a revista Live Science.

As partes em desintegração do iceberg são principalmente seu "limite ao norte", diz um comunicado do Observatório Terrestre da NASA divulgado no começo deste mês.

Uma imagem capturada pelo MODIS, aparelho satelital da NASA, mostra o estado atual da placa.

Imagem de satélite da NASA mostra plataforma A-23a "estacionada" próximo às Ilhas da Geórgia do Sul, na Antártida. O iceberg tem se desintegrado em milhares de pedaços, diz o Observatório da agência norte-americana.
Créditos: NASA

"A parte inferior do iceberg provavelmente está alojada em uma plataforma subaquática rasa ao redor da Geórgia do Sul", prossegue o comunicado.

Lá, parado desde março, ele se desintegra gradualmente. Em apenas dois meses, sua "área de superfície diminuiu consideravelmente", representando uma perda de mais de 360 quilômetros quadrados em um mês (área aproximadamente duas vezes maior do que o estado de Washington, nos EUA).

Os fragmentos do iceberg, que parecem pequenos, na verdade medem cerca de 1 quilômetro de diâmetro, "grandes o suficiente para serem nomeados".

Além de representarem um risco à passagem de navios, os pedaços frutos da lenta "decomposição" do A23a podem afetar a vida selvagem da região: focas, aves, mais de dois milhões de pinguins e a variedade da vida marinha, que pode sofrer com as mudanças de temperatura e salinidade provocadas pelo derretimento de enormes peças de gelo.

Apesar disso, os pedaços continuam longe o suficiente da costa, e alguns especialistas dizem que o fenômeno pode beneficiar o ecossistema marinho com a "liberação de nutrientes no oceano".

Uma outra preocupação, no entanto, é o aumento geral no nível do mar, intensificado pelo derretimento de ainda outras geleiras antárticas.

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