Espécie extinta há meio século retorna a habitat natural em Minas Gerais

Uma espécie endêmica da Mata Atlântica foi reintroduzida ao seu habitat, na parcela mineira do bioma brasileiro, após 50 anos sem ocorrências naturais

Mutum do bico vermelho.Créditos: Wikimedia commons
Escrito en MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE el

Uma espécie endêmica da Mata Atlântica brasileira, considerada extinta da parcela contínua do bioma no estado de Minas Gerais por meio século (em cerca de 36 mil hectares de floresta), foi reintroduzida ao seu habitat como parte de um projeto do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e da Associação de Amigos do Parque (DuPERD).

O mutum-do-bico-vermelho (Crax blumenbachii) viu seu espaço nas formações de Mata Atlântica de Minas Gerais ser gradualmente ameaçado pela expansão das atividades agrícolas e pela caça com fins comerciais. Há mais de 50 anos não ocorria naturalmente em florestas mineiras.

Sua reintrodução ao ambiente natural se iniciou em 1990, quando espécimes da ave nativa, que vive principalmente no solo devido à sua dificuldade de voar e pode pesar cerca de 3,5 quilos (com quase um metro de comprimento), foram criados em cativeiro para repovoar a Mata.

Mutum-do-bico-vermelho (Crax blumenbachii).
Créditos: Wikimedia commons

A iniciativa foi liderada, na época, pela Fundação Crax, dedicada à conservação de espécies ameaçadas. Mais de 200 indivíduos foram liberados na natureza no período, mas numa área de reserva particular pertencente a uma fazenda da própria empresa.

"Mutum" vem do tupi, "mï'tu", denominação dada por sua similaridade às galinhas. A ave se tornou espécie em perigo na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) e, em 2005, passou à classificação de "perigo crítico" na Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais.

A nova fase de sua reintrodução, agora para habitar a floresta de que é nativa, foi feita no Parque Estadual do Rio Doce, no Vale do Aço, região a sudoeste do estado de Minas Gerais. A soltura das aves avistadas hoje se iniciou ainda em 2023, quando 30 indivíduos foram liberados na região da Ponte Perdida.

O mutum é considerado uma espécie fundamental para o "plantio" das florestas: é um dispersor natural de sementes e desempenha papel importante na regeneração da flora local.

Agora, alguns anos depois de sua reintrodução oficial às florestas nativas, aves não anilhadas (nascidas na natureza) foram registradas a cerca de 20 km do ponto de soltura dos espécimes, inclusive um casal com filhote. A reprodução normal da espécie é um indicativo de condições ambientais favoráveis e de um habitat saudável.

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