Uma lagarta carnívora que tem comportamento assustador. Ela vive dentro de teias de aranha e deixa expostos restos de suas vítimas, como asas, cabeças e outras partes de insetos mortos. A descoberta da nova espécie foi anunciada por cientistas da Universidade do Havaí, em Manoa.
O animal recebeu o nome de “lagarta colecionadora de ossos”. A espécie é do gênero Hyposmocoma e foi encontrada em um grupo nativo do arquipélago havaiano, de acordo com estudo publicado na revista científica Science.
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“Não apenas são as únicas lagartas do mundo que enfeitam suas casas com partes de corpos, mas o mais surpreendente é que vivem perto de teias de aranha. Isso é algo que nunca imaginamos ser possível”, declarou Dan Rubinoff, professor de entomologia do Colégio de Agricultura Tropical e Resiliência Humana da Universidade do Havaí.
A maneira como as lagartas carnívoras do Havaí vivem chama atenção. Elas convivem com aranhas dentro de árvores, troncos e cavidades rochosas. Aproveitam restos de presas na teia e, frequentemente, mastigam os fios de seda para alcançar a comida.
“Quando as vimos pela primeira vez, não sabíamos o que eram. Literalmente, não tínhamos certeza se eram lagartas, porque pareciam tão diferentes de tudo o mais e, além disso, estavam cobertas de pedaços de insetos que estavam espalhados por aí, e nunca tínhamos visto nada parecido”, relatou Rubinoff.
Além de tudo, tem estratégia. Utiliza partes dessas presas, como asas de moscas, para disfarçar o local onde vive e para não ser capturada pelas aranhas.
A “colecionadora de ossos” tem somente cerca de 5 milímetros de comprimento, o que foi “comemorado” pelo cientista. “Não tenho dúvidas de que, se fôssemos do tamanho deles, eles nos comeriam”, afirmou Rubinoff, em entrevista à Live Science.
Extinção
Apesar da descoberta importante para os cientistas, a espécie está em vias de extinção. Depois de décadas procurando, os pesquisadores só acharam a lagarta em uma área de 15 km², na cadeia montanhosa de Wainanae, na Ilha de Onahu.
Os cientistas acreditam que o ancestral da espécie surgiu há seis milhões de anos, antes da formação das ilhas havaianas como conhecemos atualmente. O fato sinaliza que a lagarta pode ter habitado outras ilhas mais antigas, hoje submersas.
Por causa da descoberta rara, com apenas 62 lagartas carnívoras encontradas em mais de 20 anos de pesquisa, os cientistas pedem ajuda para manter o habitat da “colecionadora de ossos” e evitar a extinção da espécie.
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