Uma espécie de planta cuja idade está estimada em 25 milhões de anos, frequentemente chamada de "fóssil vivo", foi reencontrada na Espanha no começo de abril, após mais de 40 anos sem registros.
A nomevés, como é chamada a espécie de flor com folhas curvas, foi encontrada pela primeira vez em 1982, na Sevilha, e descobriu-se que tinha ocorrência também em outras duas encostas espanholas: Cadalso de los Vidrios, na região sudoeste de Madri, e Ponferrada, na província de Leão. Ela foi batizada Gyrocaryum oppositifolium Valdés, com o último nome em homenagem ao seu descobridor.
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Créditos: Pablo Vargas/Centro Nacional de Pesquisas da Espanha
Especialistas dizem que a nomevés, de que restam cerca de 500 a 1.500 espécimes no mundo inteiro, "já deveria estar extinta", mas calhou de encontrar os humanos "no seu momento mais crítico". São palavras de Pablo Vargas, professor pesquisador do Centro Nacional de Pesquisas da Espanha (CSIC), do Real Jardim Botânico de Madri.
Pequenos grupos da planta sobrevivem na Terra há mais de 20 milhões de anos, e remontam a um período em que começaram a formar-se as cadeias de montanhas e cordilheiras como o Himalaia, os Alpes e os Andes.
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Foi também há cerca de 23,04 milhões a 2,58 milhões de anos que surgiram os primeiros hominídeos conhecidos na África; algumas outras espécies se extinguiram ao longo do Atlântico.
Com apenas 30 centímetros e um ciclo de vida considerado curto (porque nasce no começo do ano e morre antes do verão), a planta, da família das boragináceas, está na lista de espécies em perigo crítico da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) desde 2006.
Seus parentes mais próximos são do gênero Myosotis L., de que faz parte a flor "não-me-esqueças", uma herbácea de flores azuis, pequenas e delicadas, conhecida por ter propriedades medicinais para tratar inflamações e ajudar na cicatrização de feridas.
"Quando eu vi, sabia que era ela", disse a bióloga Rosario Velasco, que redescobriu a espécie ibérica em 2025, ao El País. Mas é fácil confundi-la com uma espécie mais comum de miosótis, e "um observador menos perspicaz teria confundido", afirma Benito Valdés, o responsável pelo primeiro achado da espécie, em 1982. Ele é professor emérito de biologia vegetal e ecologia da Universidade de Sevilha, e também falou ao El País.
"O que me chocou daquela vez foi que [o espécime encontrado] se parecia com a Omphalodes e Miosotys [a flor "não-me-esqueças", sua parente próxima]. Mas eu a estudei e vi que era um gênero novo, com características muito diferentes."