Influenciador deixa lata de refrigerante a indígenas isolados; "nova ameaça", diz entidade

Exploração digital se junta a mineração e desmatamento no risco a comunidades isoladas

Créditos: Survival International/Divulgação
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Um turista americano foi preso após tentar contato com a tribo isolada dos Sentinelese, na Ilha Sentinela do Norte, no Oceano Índico. O caso acendeu um alerta da Survival International, organização que defende os direitos de povos indígenas, sobre o risco crescente representado por influenciadores digitais.

Mykhailo Viktorovych Polyakov, de 24 anos, desembarcou ilegalmente na ilha, onde deixou uma lata de refrigerante e um coco como oferendas, filmando a ação com uma câmera GoPro. Segundo a polícia das Ilhas Andaman e Nicobar, ele assobiou por cerca de uma hora tentando atrair os indígenas e permaneceu no local por cerca de cinco minutos. O material gravado confirmou a violação da área restrita.

O acesso à Ilha Sentinela do Norte é proibido por lei indiana, que impede a aproximação de menos de 5 km da costa, a fim de proteger a saúde e a integridade dos Sentinelese, que não têm imunidade a doenças externas. A polícia informou que Polyakov já havia tentado se aproximar da ilha anteriormente, inclusive com um caiaque inflável, mas foi impedido por funcionários de um hotel.

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Durante o interrogatório, o americano disse ser um “caçador de emoções”. A imprensa local o ligou a um canal do YouTube com vídeos de viagens a locais remotos como o Afeganistão.

A Survival International classificou o episódio como “profundamente preocupante”. Segundo Jonathan Mazower, porta-voz da entidade, cresce o número de influenciadores tentando explorar povos isolados para ganhar audiência nas redes sociais. “Além de ameaças conhecidas, como mineração e desmatamento, agora há quem busque esses contatos por fama e cliques”, afirmou à BBC.

Os Sentinelese são considerados o povo mais isolado do mundo. Vivem de caça e coleta em pequenos grupos e rejeitam qualquer interação externa. Estima-se que a tribo tenha entre 100 e 200 membros, mas o número exato é desconhecido.

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Este não é o primeiro caso. Em 2018, o missionário americano John Allen Chau foi morto ao tentar evangelizar a mesma comunidade. O episódio reforça a importância das políticas de proteção a povos isolados, previstas em acordos internacionais e na legislação indiana — embora o país enfrente críticas por falhas na sua aplicação.

*Com informações de BBC

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