A crise climática pode comprometer a viabilidade do capitalismo, alerta a Allianz SE, uma das maiores seguradoras do mundo. O aumento dos desastres ambientais eleva os custos a patamares insustentáveis, tornando inviáveis seguros essenciais para a economia.
Günther Thallinger, membro do conselho da Allianz, adverte que a alta nas temperaturas dificultará a cobertura de riscos climáticos, impactando serviços financeiros como hipotecas e investimentos. Com o aquecimento global podendo atingir entre 2,2ºC e 3,4ºC, governos não conseguirão cobrir os prejuízos causados por eventos climáticos extremos.
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Estudos recentes indicam que perdas associadas ao clima atingiram US$ 2 trilhões na última década. Regiões inteiras já se tornam "não seguráveis", como na Califórnia, onde seguradoras estão abandonando o setor residencial devido a incêndios florestais.
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Thallinger afirma que já existem tecnologias para substituir combustíveis fósseis por energias limpas, mas é preciso avançar com mais rapidez e escala. "Trata-se de preservar as condições para que mercados e finanças continuem funcionando", destaca.
Para ele, a falta de seguros representa um risco sistêmico, ameaçando a infraestrutura, transporte e indústria. Sem cobertura, hipotecas e investimentos de longo prazo podem se tornar inviáveis, comprometendo a estabilidade financeira.
Governos também não terão capacidade para financiar os desastres climáticos sucessivos, conforme modelos prevêem. O aumento dos gastos com recuperação na Austrália, que cresceram sete vezes entre 2017 e 2023, ilustra a tendência.
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Com um aquecimento de 3ºC, os danos climáticos se tornarão incontroláveis, inviabilizando hipotecas, investimentos e estabilidade econômica. "Sem mudança, o setor financeiro como o conhecemos deixará de existir, e com ele, o capitalismo", alerta Thallinger.
A solução, segundo ele, é reduzir drasticamente as emissões de carbono ou capturá-las, colocando metas climáticas no mesmo patamar das financeiras. "O custo da inção é maior do que o da transição. Se agirmos, teremos uma economia mais eficiente e uma melhor qualidade de vida", conclui.
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