A área coberta por água no Brasil voltou a diminuir em 2024, segundo o MapBiomas. O levantamento via satélite aponta uma superfície hídrica de 17,9 milhões de hectares, queda de 2,2% em relação a 2023 (18,3 milhões) e 3,2% abaixo da média histórica (18,5 milhões desde 1985).
Essa é a segunda redução consecutiva. Em 2023, a retração foi de 2,6% frente a 2022. Nos últimos dez anos, oito figuram entre os mais secos da série histórica. Enquanto de 1985 a 1999 todos os anos ficaram acima da média, apenas 2022 rompeu essa tendência recente, com 18,8 milhões de hectares alagados.
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"O cenário dos últimos 25 anos é crítico. Desde 1999, não recuperamos os níveis hídricos da década de 1989 a 1999", afirma Juliano Schirmbeck, coordenador técnico do MapBiomas Água.
O Pantanal é o bioma mais impactado. Em 2024, registrou apenas 366 mil hectares cobertos por água, 60% abaixo da média histórica. "O ecossistema costumava ficar inundado por seis meses; hoje, esse período caiu para dois ou três meses, e às vezes nem ocorre", explica Schirmbeck. Em 2024, a superfície hídrica do bioma ficou próxima dos menores níveis já registrados desde 1985.
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A Amazônia concentra 61% da água do Brasil, seguida pela Mata Atlântica (13%), Pampa (10%), Cerrado (9%) e Caatinga (5%). O Pantanal tem a menor cobertura hídrica, apenas 2% do total. Apesar da queda nacional, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica superaram a média histórica em 2024.
No Cerrado, a água artificial (reservatórios e represas) já supera a natural (rios e lagos), compondo 60% do total. Desde 1985, os corpos d’água criados por ação humana cresceram 54% no Brasil. Contudo, o volume natural reduziu 15% no mesmo período.
"Os corpos d’água naturais estão secando. Se não há água suficiente neles, os reservatórios também sofrerão. Estamos ficando sem água, mesmo armazenando mais", alerta Schirmbeck.
As mudanças climáticas agravam o quadro. "Há projeções de queda na precipitação em várias regiões, intensificando o problema", aponta o pesquisador. Ele defende soluções como a preservação de nascentes e a valorização de áreas úmidas, que regulam os ciclos hídricos e mitigam eventos climáticos extremos.
*Com informações de Folha.