A Gran Abuelo, árvore mais antiga das Américas, com cerca de 5.400 anos, está ameaçada por um projeto de rodovia no sul do Chile. Localizada no Parque Nacional Alerce Costero, ela pertence à espécie Fitzroya cupressoides, conhecida como alerce ou cipreste da Patagônia, e tem papel fundamental para a pesquisa sobre mudanças climáticas.
A árvore foi descoberta em 1972 por Aníbal Barichivich, guarda florestal. Hoje, seu neto, o cientista ambiental Jonathan Barichivich, lidera estudos que analisam os sinais vitais da planta e seu papel na retenção de carbono. Junto a outros pesquisadores, ele tenta proteger a Gran Abuelo e as demais árvores da região.
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Por causa do tamanho e da degradação do tronco, não foi possível contar todos os anéis de crescimento da árvore, como é feito tradicionalmente. A idade foi estimada por meio de modelos estatísticos. Ainda assim, a árvore é considerada uma das mais antigas do mundo e ajuda a reconstruir padrões climáticos de milhares de anos atrás.
Agora, o governo chileno estuda reabrir uma antiga estrada madeireira que corta o parque, sob o argumento de melhorar o turismo e a ligação entre municípios. Ambientalistas e cientistas contestam. Para o Movimento pela Defesa do Alerce Costero, a rodovia facilitaria o transporte de lítio da Argentina até portos chilenos e abriria caminho para exploração comercial da floresta.
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O impacto seria direto: segundo o movimento, mais de 800 árvores da espécie seriam derrubadas, e outras quatro mil teriam seu habitat comprometido. Barichivich também denuncia que a estrada ligaria ao porto de Corral, usado por grandes exportadoras de celulose, e teme a intensificação da extração de madeira.
Além disso, pesquisadores alertam para o risco de incêndios. Na região, mais de 90% dos focos de fogo começam próximos a estradas. Situação parecida ocorre na Amazônia e nos Estados Unidos.
Diante da repercussão internacional e de uma carta publicada na revista Science, o governo suspendeu temporariamente o projeto. Segundo Barichivich, a luta é pela preservação de um ecossistema único. “Cada árvore conta. Proteger essas florestas é proteger o futuro”, afirmou.
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