Um estudo recente, publicado na revista Scientific Reports, revelou a origem de duas enormes estruturas no manto terrestre, conhecidas como "grandes províncias de baixa velocidade" (LLVPs). Essas formações, que há anos intrigam os cientistas, são compostas por fragmentos da crosta terrestre que afundaram no manto ao longo de bilhões de anos.
Localizadas sob o Oceano Pacífico e o continente africano, essas estruturas são identificadas por ondas sísmicas que se propagam de 1% a 3% mais lentamente nessas regiões em comparação com outras áreas do manto. Acredita-se que as LLVPs possam influenciar o campo magnético terrestre e o fluxo de calor proveniente do núcleo do planeta.
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A origem dessas estruturas tem sido alvo de debate na comunidade científica. Algumas teorias sugeriam que elas poderiam ser remanescentes de material primordial da Terra ou resultantes de um impacto cósmico que teria formado a Lua há 4,5 bilhões de anos. Outras hipóteses apontavam para a subducção de placas tectônicas como causa.
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James Panton, geodinamicista da Universidade de Cardiff e coautor do estudo, explica que a hipótese da crosta oceânica subduzida como origem das LLVPs foi menos explorada do que a teoria do material antigo. Por meio de modelagem computacional, sua equipe rastreou a entrada de crosta subduzida no manto ao longo de bilhões de anos e verificou que esse processo pode, de fato, gerar estruturas semelhantes às LLVPs.
Os resultados indicam que a reciclagem da crosta oceânica é suficiente para explicar a formação dessas regiões, sem a necessidade de uma camada densa de material primordial. No entanto, Panton ressalta que isso não descarta a possibilidade de haver resquícios de material antigo no fundo do manto.
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O estudo também mostrou diferenças entre as duas LLVPs. A estrutura sob a África, por exemplo, recebe menos material crustal do que a do Pacífico, que é alimentada por várias zonas de subducção no Anel de Fogo. Como resultado, a LLVP africana é mais antiga e menos densa, projetando-se cerca de 550 quilômetros mais alto no manto do que a do Pacífico.
Para o futuro, Panton e sua equipe planejam investigar o papel das plumas do manto – colunas de material quente que conectam o interior da Terra a vulcões na superfície, como os do Havaí – no processo de subducção e na evolução dessas enigmáticas estruturas.
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