Fragmento de madeira fossilizada de 280 milhões de anos conta sobre o Paleozoico no Brasil

O fragmento encontrado pelos pesquisadores ajuda a mapear aspectos do Paleozoico no Brasil, e pode ser um portal para compreender espécies vegetais que ocorreram no período

Madeira fóssil/petrificação.Créditos: Free source
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Um artigo publicado no periódico Review of Palaeobotany and Palynology descreve a descoberta, feita por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade Federal do Piauí (UFPI), de um fóssil de madeira datado em 280 milhões de anos, em Amarante, município do estado do Piauí.

O fóssil, encontrado próximo ao Rio Mulato, foi transportado ali por um caminhão de pedras, e sua idade, estimada por análises de laboratório, remonta à Era Paleozoica [ocorrida entre 542 e 251 milhões de anos atrás], a primeira era do Éon Fanerozoico, marcada pelo surgimento dos primeiros animais terrestres e pela formação do supercontinente Pangeia.

Durante essa era, a Terra atravessava mudanças geológicas e climáticas profundas, que definiriam o trajeto evolutivo das espécies iniciado durante o Cambriano, quando a maioria dos filos modernos apareceu, no fenômeno conhecido como Explosão Cambriana: surgiram os artrópodes e peixes, anfíbios e répteis, que evoluíram ao longo do Paleozoico. 

O fragmento encontrado pelos pesquisadores ajuda a mapear essa história e pode ser um portal para compreender espécies vegetais que ocorreram no período. 

Madeira petrificada. Créditos: UFPI
Madeira petrificada. Créditos: UFPI

Além dele, foram encontradas mais duas espécies de plantas fossilizadas, chamadas de Novaiorquepitys maranhensis e Yvyrapitys novaiorquensis, por terem sido encontradas no município de Nova Iorque do Maranhão, na divisa entre os estados do Maranhão e do Piauí. 

Encontradas na Barragem Boa Esperança, elas são espécies de gimnospermas, parentes das araucárias e dos pinheiros, e sua localização sugere que podem ter existido ali um ecossistema diversificado e uma floresta ancestral.

 “Esta pesquisa nos ajuda a saber como era o antigo ambiente do Brasil no final da Era Paleozoica, quando os continentes estavam unidos. Ela nos ajuda a saber como evolucionaram as plantas e de uma maneira geral nos ajuda a reconstruir a história do planeta Terra. Graças a estas pesquisas sabemos que o Maranhão e o Piauí estavam cobertos por bosques de gimnospermas no final da Era Paleozoica. Hoje em dia estas plantas só predominam no sul do Brasil”, explica o professor doutor Juan Cisneros, da Universidade Federal do Piauí. 

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