Um estudo publicado na revista Nature indica que os rastros invisíveis deixados pelas queimadas permanecem no solo mesmo depois que o fogo é apagado.
O efeito bioquímico das emissões de CO2, dizem os pesquisadores, corresponde a apenas metade do impacto causado pelos incêndios florestais sobre os solos; a outra metade parte dos efeitos biogeofísicos, isto é, da mudança nas suas características estruturais.
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Dados obtidos por satélites para as florestas boreais do Hemisfério Norte — no Canadá e no Alaska — mostram que a temperatura na superfície da terra que foi atingida por incêndios florestais apresenta uma média maior durante o verão em relação ao solo "virgem".
Isso indica que o fogo pode ter uma ação permanente sobre a superfície do solo — e sobre as florestas.
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"O aumento do aquecimento dos solos durante o verão foi causado por mudanças sistemáticas nos processos energéticos do solo ocorridos depois do fogo", diz o estudo. O impacto das mudanças é maior conforme o tamanho dos focos de incêndio. "Quase todas [as mudanças no solo] foram amplificadas pela proporção do fogo".
Quanto maior a área e a permanência do fogo, maior a incidência de radiação de ondas curtas a ser absorvida pelo solo, dada a maior conservação de energia sob mais altas temperaturas.
As consequências do aumento da temperatura têm repercussões de longo prazo sobre os biomas — podem afetar a disponibilidade de água no subsolo, por exemplo, e intensificar as mudanças no clima.
Além disso, a perda de propriedades específicas dos solos — como nutrientes essenciais — e a mudança na sua composição podem torná-los vulneráveis a novas ondas de incêndios, estimulando o superaquecimento em temporadas de seca ou calor extremo.
Após um incêndio, a umidade do solo tende a diminuir, o que ameaça a sobrevivência de espécies nativas e, combinado com a tendência ao aumento de temperatura, impedem a regeneração das áreas afetadas.
Ou seja, mesmo depois da ação devastadora do fogo, algumas áreas podem gradualmente deixar de ser florestas.