Os próximos anos vão ser difíceis para os habitantes do Hemisfério Sul, sugere um estudo da Universidade do Colorado.
Simulações e dados de estudos paleoclimáticos (que analisam variações climáticas ao longo da história antiga da Terra) indicam que o fenômeno El Niño, conhecido como Oscilação Sul (ENSO), pode mais que dobrar no futuro.
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De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), El Niño e La Niña têm uma tendência de se alternar a cada 3 a 7 anos — mas as mudanças causadas pelo aquecimento global tendem a intensificar a ocorrência do El Niño, que eleva as temperaturas do Oceano Pacífico equatorial.
Esse fenômeno, que está em curso no Brasil desde o ano passado, foi dito responsável pelas ondas de calor mais intensas nas regiões do Hemisfério Sul. De secas extremas a chuvas fortes e desastres ambientais, como inundações, as consequências do El Niño ainda são pouco compreendidas, mas o que se sabe não mostra bons prospectos para o futuro.
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De acordo com o estudo, a emissão de gases do efeito estufa (GEE) estaria enfraquecendo o padrão da circulação de Walker, um sistema de circulação do ar atmosférico diretamente influenciado pelas condições de temperatura.
Quando funciona da forma correta, a circulação de Walker movimenta o ar quente e úmido em direção ao oeste (para a Ásia) e o ar mais frio e seco para o leste (rumo à América do Sul), mantendo, assim, o aquecimento do Pacífico sob controle.
Mas o que se tem visto é uma desregulação desse sistema, com águas quentes se espalhando mais facilmente no Pacífico (para o leste, que deveria receber as águas frias) e aumentando a temperatura da superfície do mar.
Essa mudança está relacionada, por sua vez, ao feedback de Bjerknens, que envolve interações entre os ventos, as correntes oceânicas e a temperatura da superfície do mar. Anomalias nessas interações podem alterar os padrões de vento, criando as condições para a intensificação de eventos climáticos extremos.
Através da análises de séries históricas que vão desde a era glacial, o estudo pôde fazer previsões para o futuro, que mostram um enfraquecimento ainda maior da circulação de Walker com o aumento da temperatura média do planeta.
Isso trará impactos nocivos especialmente para as regiões tropicais: as consequências podem envolver mais catástrofes, como as já avistadas nos últimos meses (a exemplo de enchentes e deslizamentos de terra), além de períodos de seca cada vez mais intensa.
Se agravada, a situação climática também pode afetar a agricultura, deixando milhares de pessoas em insegurança alimentar no Brasil e em outras regiões da América do Sul.