Mesmo diante da catástrofe ambiental experimentada nos últimos meses, a Amazônia brasileira "deixou de emitir" o equivalente a 12 milhões de toneladas de CO2 no último ano — que o governo do Pará vendeu a US$15 cada na última terça (24), durante a Semana do Clima da ONU em Nova York.
De acordo com o governo do estado, o preço de venda foi inflado e pode corresponder a até 2 vezes o valor de mercado. A transação totalizou quase R$1 bilhão, e agora as 12 milhões de toneladas em emissão de CO2 “a crédito” estão nas mãos de Estados Unidos, Noruega e Reino Unido, adquirido por grandes empresas, como Amazon, Bayer e a Fundação Walmart.
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O crédito de carbono amazônico vem de uma diminuição no desmatamento avistada ao longo do último ano: a redução foi de 42%. O Pará quer neutralizar suas emissões de carbono até 2036, de acordo com o governador, Helder Barbalho. Só viria depois do Mato Grosso do Sul, que está para se tornar o primeiro estado carbono-neutro do Brasil em 2030.
Mercado de carbono
A venda de carbono representa um passo importante para as metas climáticas — em 2022, o dióxido de carbono atingiu o marco de 182 vezes mais emissões desde 1850, de acordo com o Climate Watch.
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O mercado de carbono foi criado durante a conferência ECO-92 da ONU, no Rio de Janeiro; e o compromisso com a redução das emissões de gases do efeito estufa foi assumido com a assinatura do Protocolo de Quioto, em 1997.
Hoje, há um teto máximo para as emissões, e, para ultrapassá-lo, é preciso adquirir “crédito” dos que pouparam.
Em 2022, a China aparecia como a maior emissora de CO2, seguida dos Estados Unidos, Índia, Rússia e Japão, de acordo com o World Resources Institute (WRI).
Ao comprar créditos, os maiores emissores podem ter seu uso “neutralizado” pela ação natural de captura de carbono pelas árvores — de acordo com o Instituto Brasileiro de Florestas (IBF), a cada 7 árvores em fase de crescimento, é possível "sequestrar" 1 tonelada de carbono (elas deixam de realizar essa função após 20 anos).