O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem uma série de compromissos nesta quarta-feira (25), seu último dia em Nova York, nos Estados Unidos, onde participa de atividades no âmbito da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). A principal agenda do mandatário brasileiro será às 9h da manhã, quando acontece uma reunião com chefes de Estado do G20, grupo atualmente presidido pelo Brasil que reúne as 20 maiores economias do mundo.
Trata-se da Segunda Reunião de Chanceleres do G20 e esta será a primeira vez na história que um encontro do grupo acontecerá na sede das Nações Unidas. A reunião será realizada de forma aberta aos 193 Estados-membros da ONU.
Te podría interesar
Lula fará o discurso de abertura da reunião, cuja principal pauta será a reforma das instituições e mecanismos de governança global, entre eles a própria ONU e o seu Conselho de Segurança. Este, para além do combate à fome e à miséria, tem sido uma das prioridades do Brasil no comando do G20.
O tema esteve presente tanto no discurso de Lula na Cúpula do Futuro, realizada no último domingo (22), como em seu pronunciamento no debate geral da Assembleia da ONU. O presidente brasileiro tem feito fortes críticas a tais instituições, clamando por uma atualização em suas composições que permitam maior protagonismo dos países do Sul Global. Segundo Lula, o Conselho de Segurança da ONU vem perdendo legitimidade.
Te podría interesar
"A maioria dos órgãos carece de autoridade e meios de implementação para fazer cumprir suas decisões. A Assembleia Geral perdeu sua vitalidade e o Conselho Econômico e Social foi esvaziado. A legitimidade do Conselho de Segurança encolhe a cada vez que ele aplica duplos padrões ou se omite diante de atrocidades (...) O Sul Global não está representado de forma condizente com seu atual peso político, econômico e demográfico. A Carta da ONU não faz referência à promoção do desenvolvimento sustentável", disse Lula na Cúpula do Futuro.
As críticas do presidente brasileiro foram reforçadas durante seu discurso de abertura do debate geral da Assembleia da ONU.
"Na fundação da ONU, éramos 51 países. Hoje somos 193. Várias nações, principalmente no continente africano, não tiveram voz sobre seus objetivos e funcionamentos. Inexiste equilíbrio de gênero nas mais altas funções. O cargo de secretário geral jamais foi ocupado por uma mulher (...) Estamos chegando ao final do primeiro quarto do século XXI com a ONU cada vez mais esvaziadas e paralisadas. É hora de reagir com vigor", declarou.
"A exclusão da América Latina e da África de assentos permanentes no Conselho de Segurança é um eco inaceitável de práticas de dominação do passado colonial. Vamos promover essa discussão de forma transparente, em consulta no G77, no G20, nos BRICS, na CELAC, no CARICOM e tantos outros espaços que existem para discutir (...) Não tem ilusões sobre a complexidade de uma reforma como essa que enfrentará interesses cristalizados de manutenção do status quo. Exigirá enorme esforço de negociação, mas essa é a nossa responsabilidade. Não podemos esperar por outra tragédia mundial, como a Segunda Grande Guerra, para só então construir sobre seus escombros uma nova governança global", afirmou ainda o presidente brasileiro.
Últimos compromissos em Nova York
Nesta terça-feira (24), Lula se reuniu em Nova York como o presidente francês Emmanuel Macron e liderou, junto ao presidente de governo da Espanha, Pedro Sánchez, uma reunião para discutir o combate à extrema direita a nível global. Antes, o mandatário já havia se reunido com outas lideranças globais, entre elas o chanceler alemão Olaf Scholz e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Nesta quarta-feira (25), além de liderar o encontro do G20, Lula terá reuniões bilaterais com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa; com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro; com o presidente da Guatemala, Bernardo Arévalo; e um almoço de trabalho sobre o Novo Pacto Financeiro Global. Às 16h, Lula retorna a Brasília.