O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva foi ovacionado na 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas ao defender uma ampla reforma da Carta da ONU.
O mandatário pleiteou a demanda histórica do Brasil de inclusão de países africanos e sul-americanos no Conselho de Segurança, entidade máxima da organização.
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"Na fundação da ONU, éramos 51 países. Hoje somos 193. Várias nações, principalmente no continente africano, não tiveram voz sobre seus objetivos e funcionamentos. Inexiste equilíbrio de gênero nas mais altas funções. O cargo de secretário geral jamais foi ocupado por uma mulher", afirmou o presidente.
"Estamos chegando ao final do primeiro quarto do século XXI com a ONU cada vez mais esvaziadas e paralisadas. É hora de reagir com vigor", disse.
"Não bastam ajustes pontuais, precisamos contemplar uma ampla revisão da Carta. Sua reforma deve compreender os seguintes objetivos:
- a transformação do Conselho Econômico e Social no principal fórum para o tratamento do desenvolvimento sustentável e do combate à mudança climática com capacidade real de inspirar as instituições financeiras.
- a revitalização do papel da Assembleia Geral, inclusive em tema de paz e segurança internacionais.
- o fortalecimento da Comissão de Consolidação da Paz.
- a reforma do Conselho de Segurança com foco em sua composição, método de trabalho, direito de veto, de modo a torná-la mais eficaz e representativa das realidades contemporâneas.
"A exclusão da América Latina e da África de assentos permanentes no Conselho de Segurança é um eco inaceitável de práticas de dominação do passado colonial. Vamos promover essa discussão de forma transparente, em consulta no G77, no G20, nos BRICS, na CELAC, no CARICOM e tantos outros espaços que existem para discutir", continuou Lula.
"Não tem ilusões sobre a complexidade de uma reforma como essa que enfrentará interesses cristalizados de manutenção do status quo.Exigirá enorme esforço de negociação, mas essa é a nossa responsabilidade. Não podemos esperar por outra tragédia mundial, como a Segunda Grande Guerra, para só então construir sobre seus escombros uma nova governança global", completou o presidente, que foi ovacionado durante e ao fim do seu discurso.
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