QUEIMADAS

Mais de 90% dos incêndios atualmente em curso são por ação humana, aponta monitoramento

Os dados atualizados a cada 24 horas são produzidos a partir do monitoramento de imagens captadas por satélites

Ação humana é a principal causa de incêndios no Brasil hoje.Créditos: Reprodução/Vídeo/G1
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De acordo com relatório publicado pelo Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, coordenado pela doutora em geociências Renata Libonati, a maior parte das queimadas atualmente em curso no Brasil é decorrente da ação humana.

Os dados, atualizados a cada 24 horas, são produzidos a partir do monitoramento de imagens captadas por satélites, formando um sistema de Alarmes para identificação da presença de fogo nos três principais biomas: Amazônia, Cerrado e Pantanal.

Para Libonati, desde a aprovação da lei que proíbe o uso do fogo em todas as regiões do país, aprovada no final de julho (Lei 14.944/24), “todos esses incêndios, mesmo que não tenham sido intencionais, são de alguma forma criminosos”, avalia a pesquisadora, que também destaca que “a ocorrência dos incêndios no Brasil está intimamente relacionada ao uso da terra”.

Embora o satélite não consiga especificar a motivação dos incêndios como natural ou estimulado, é possível, através dos padrões das ocorrências, analisar as causas.

“Desde maio até agora, não houve nenhuma ocorrência no Pantanal de incêndio começado por raio. Isso é monitorado por satélite e com dados de descargas atmosféricas”, constata.

Em 2024, cerca de 12,8% do Pantanal já foi queimado, superando a média anual habitual de 8%. A Amazônia teve aproximadamente 10 milhões de hectares queimados, representando 2,5% de sua área total. O Cerrado também apresenta altos índices de queimadas, com cerca de 11 milhões de hectares afetados.

Libonati relaciona os incêndios ao uso da terra e às atividades econômicas, especialmente o desmatamento para pastagens e agricultura. Ela enfatiza que a gestão dos incêndios deve priorizar a prevenção em vez do combate, sugerindo práticas como a criação de aceiros e a conscientização sobre o uso do fogo.

Rastreando o fogo

O sistema Alarmes foi criado para fornecer informações em tempo quase real sobre áreas queimadas, permitindo uma resposta mais rápida ao combate aos incêndios. O projeto nasce da aproximação do Prevfogo (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais) do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que financiou um edital do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), buscando solucionar o principal problema da prevenção e identificação do fogo: o monitoramento rápido da área queimada.