ONU: 5 bilhões de pessoas podem viver em terras áridas nas próximas décadas

40% das terras do planeta já enfrentam algum tipo de degradação com perda biológica que coloca a vida de 3,2 bilhões em risco, diz relatório

Região com vegetação nativa pode se tornar árida nos próximos anos.Créditos: RDNE Stock project/Pexels
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O novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre as mudanças climáticas em 2024, que examina as últimas três décadas, aponta para o aumento da secura em várias regiões, a transformação de terras úmidas em áreas áridas e o crescimento do risco de desertificação. O documento não se limita a relatar os eventos climáticos extremos, mas também alerta para os efeitos duradouros já causados nos biomas.

The Global Threat of Drying Lands, publicado nesta segunda-feira (9), foi produzido para a COP-16 da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD). A pesquisa aponta que quase metade das terras do planeta já sofre com algum tipo de degradação, impactando diretamente a vida de 3,2 bilhões de pessoas. A perda de fertilidade do solo e a redução da biodiversidade comprometem a produção de alimentos e a economia local em diversas regiões. 

Especialistas alertam que a situação tende a piorar: até 2050, a escassez de água, causada por secas cada vez mais frequentes e intensas, poderá afetar 7,5 bilhões de pessoas em todo o mundo. Se as projeções mais pessimistas se confirmarem, até o final do século, 5 bilhões de habitantes globais poderão enfrentar a escassez de água e a degradação ambiental em regiões áridas. 

Em 2020, esse cenário já era uma realidade para 2,3 bilhões de pessoas, de diferentes países. As temperaturas globais estão atingindo níveis nunca vistos nos últimos 100 mil anos, com 2023 sendo o ano mais quente já registrado. E 2024 segue a mesma trajetória. 

Esse aquecimento acelerado está transformando o planeta, com um aumento de 7,6% nas áreas desérticas. Um marco preocupante foi registrado no Brasil: a identificação da primeira região de clima árido, localizada no centro-norte da Bahia. Nesta matéria da Fórum, explicamos o aumento da temperatura do solo no norte da Bahia é resultado das mudanças climáticas.

De acordo com a análise da agência da ONU, os locais mais impactados são, a escassez de água que já é uma realidade em diversas partes do globo, no oeste dos Estados Unidos e em regiões do Brasil, onde a seca crônica tem se intensificado, aumentando o risco de incêndios florestais e colocando em xeque o abastecimento de cidades inteiras.

No Mediterrâneo e sul da Europa, onde a expansão das condições semiáridas ameaça transformar terras outrora férteis em regiões áridas, com impactos diretos na agricultura e na economia local.

Na África Central e em partes da Ásia, verdadeiros celeiros da biodiversidade mundial, onde sofrem com a degradação ambiental em ritmo acelerado. A desertificação e a perda de habitat colocam em risco a sobrevivência de inúmeras espécies e comprometem a vida de milhões de pessoas.

Climas secos não voltarão ao que eram

“As secas terminam. Quando o clima de uma área se torna mais seco, no entanto, a capacidade de retornar às condições anteriores é perdida. Os climas mais secos que agora afetam vastas terras ao redor do globo não retornarão a como eram e essa mudança está redefinindo a vida na Terra", destacou Ibrahim Thiaw, secretário Executivo da UNCCD.

O relatório ainda propõe uma série de medidas que devem ser tomadas por governos e comunidades para impedir o agravamento da situação. Dentre essas ações, destacam-se o monitoramento da aridez, melhoria das práticas de uso da terra e investimento em eficiência hídrica.

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