Peixe do Juízo Final aparece morto novamente em praias da Califórnia e assusta por seu significado

Foi o terceiro peixe da espécie a morrer no ano, e a ocorrência traz "maus agouros"

Regalecus glesne.Créditos: Museu da Flórida
Escrito en MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE el

No dia 6 de novembro de 2024, mais um peixe da espécie Regalecus glesne, apelidado de "peixe do juízo final" e associado à ocorrência de desastres, foi encontrado morto na Califórnia, na praia de Grandview, no Oceano Pacífico — uma área costeira conhecida por abrigar grandes casas e condomínios de luxo nas cercanias da praia.

Foi o terceiro peixe da espécie a morrer no ano, conforme noticiaram veículos internacionais. 

Mas por que esse peixe representa maus presságios, e o que poderia motivar um apelido tão bizarro?

Sua fama foi popularizada em 2011, quando peixes Regalecus glesne, que podem alcançar até 11 metros de comprimento e pesar 200 kg, foram encontrados encalhados e mortos em grandes grupos nas praias do Japão. O ocorrido se seguiu a tempestades originadas de um grande terremoto e um tsunami devastador, que atingiram a região de Tohoku, deixando mais de 15 mil mortos

A partir de então, surgiu a crença, baseada na tragédia japonesa, de que a aparição dessa espécie de peixe só poderia significar um desastre natural iminente.

Mas nem tudo é credo sem fundo: havia, na sugestão, uma justificativa que se pretendia, em partes, "lógica". Ela dizia que eram os movimentos das placas tectônicas, quando esses se tornavam mais intensos, aquilo que matava os peixes, então trazidos à superfície em fenômenos como o avistado no Japão. 

Isso poderia indicar um "sinal de desastre" onde quer que a espécie estranha, o "peixe do juízo final", aparecesse.

As características bizarras do peixe não ajudaram: ele flutua verticalmente, dando a impressão de nadar em pé; e, por habitar a zona mesopelágica dos oceanos, localizada a mais de mil metros abaixo da superfície, é dificilmente avistado.

Esses peixes também têm uma aparência muito distinta, com um corpo comprido, prateado, esguio e cheio de manchas. Seu comprimento, aliás, está acima da média dos peixes ósseos "comuns" — que é de até 8 metros, enquanto o Regalecus glesne atinge 11 metros —, e sua barbatana dorsal, que se estende por todo o corpo, alcança até a região acima da cabeça. 

Mas existe algum mérito na crença popular acerca do peixe do "juízo final" e sua relação com desastres naturais?

De acordo com a ciência, não muito

Um artigo publicado na GeoScience World em 2019 dizia que não há qualquer relação entre a vinda do Regalecus glesne à superfície — movimento que é, inclusive, fatal à espécie, dadas as condições distintas de pressão e temperatura de seu habitat natural — e a ocorrência de fenômenos específicos. 

A associação entre o peixe e os desastres não é mais do que uma coincidência (ou várias), sem movimentos de placas tectônicas na explicação.

No entanto, mudanças no ambiente marinho, como variações de temperatura, alterações no fluxo das correntes e outros aspectos físicos podem fazer com que o peixe do juízo final venha à superfície com mais recorrência. 

Isso significa que, em certa medida, o peixe do juízo final responde de maneira similar a todo o resto da natureza a desastres: sendo fatalmente afetado por eles.

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