Vírus mortais desaparecem de laboratório em 'grave falha de biossegurança', dizem autoridades

Entre os patógenos estão o vírus Hendra e Hantavirus, conhecidos pela letalidade em humanos e animais

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qimono/Pixabay

O governo de Queensland, na Austrália, revelou uma grave violação de biossegurança envolvendo o desaparecimento de 323 frascos de vírus perigosos em um laboratório público. Entre os patógenos estão o vírus Hendra, Lyssavirus e Hantavirus, conhecidos pela alta letalidade em humanos e animais.

Ocorrido em agosto de 2023 no Laboratório de Virologia de Saúde Pública de Queensland, o incidente só veio a público na última segunda-feira (9) e está sendo apurado pelo Queensland Health por meio de uma "investigação da Parte 9", que examinará protocolos, conformidade e conduta da equipe envolvida.

Os microorganismos desaparecidos apresentam riscos significativos. O Hendra, por exemplo, é um vírus zoonótico encontrado apenas na Austrália, transmitido de animais para humanos e potencialmente fatal. O Lyssavirus, relacionado ao vírus da raiva, é quase universalmente letal sem tratamento adequado, enquanto alguns tipos de Hantavirus possuem taxas de mortalidade de até 15%.

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Embora o diretor de saúde, Dr. John Gerrard, tenha afirmado que não há evidências de risco à comunidade, especialistas destacam a gravidade do caso.

Segundo Sam Scarpino, diretor de IA e Ciências Biológicas da Northeastern University, esses patógenos representam alto risco devido à sua letalidade, ainda que tenham baixa transmissibilidade de pessoa para pessoa. Ele também ressaltou que a falha evidencia a necessidade de maior investimento em biossegurança e transparência.

O desaparecimento das amostras levanta questões sobre possíveis destinos, como destruição indevida ou roubo. Gerrard garantiu que, fora de um freezer de baixa temperatura, os vírus se degradariam rapidamente, tornando-se não infecciosos. Ainda assim, medidas foram tomadas para prevenir incidentes futuros, incluindo auditorias de procedimentos e treinamento de funcionários.

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A demora de mais de um ano para tornar público o incidente gerou críticas. Especialistas sugerem que a comunicação ágil é essencial para mitigar desconfianças e proteger a saúde pública. Episódios semelhantes em outros países, como nos EUA, reforçam a necessidade de protocolos globais mais rígidos para o manejo de patógenos perigosos.

Apesar do baixo risco imediato para a população, o desaparecimento expõe falhas em políticas de biossegurança que podem ter consequências graves para humanos, animais e o meio ambiente. O caso serve como alerta para que governos e instituições fortaleçam sistemas de controle, rastreamento e segurança de materiais biológicos.

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