Germano Schaffel Nogueira, pecuarista do Mato Grosso, é investigado pela Polícia Federal como uma possível conexão entre o agronegócio e o general da reserva Mario Fernandes, preso em novembro sob suspeita de planejar atentados contra o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes. O relatório da PF aponta Nogueira como organizador de um ato golpista em Brasília em 2022 e como figura influente nas manifestações que defendiam uma intervenção militar após a eleição de Lula.
O general Fernandes, descrito como um oficial de postura radical, teria orquestrado, com apoio de Nogueira, o acampamento em frente ao Quartel-General do Exército na capital federal. A PF identificou que ambos mantiveram contato frequente, incluindo orientações do general para que o pecuarista persistisse em suas ações. Em áudios, Fernandes também mencionou o papel de "pessoal do agro" e caminhoneiros como participantes estratégicos dos protestos.
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O agro e os atos antidemocráticos
A investigação reforça um padrão de apoio financeiro e logístico do setor agropecuário aos movimentos golpistas. Relatórios da CPMI do 8 de Janeiro e da Abin já haviam identificado o envio de caminhões por empresas do setor e financiamento por meio de contas bancárias de terceiros, como o chamado "PIX do golpe". Esse esquema, operado por pecuaristas e garimpeiros, movimentou valores atípicos para fomentar os atos.
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Além de sua conexão com Nogueira, Fernandes atuou como articulador de diferentes grupos, recebendo pressões de setores como o agronegócio para que Bolsonaro usasse forças militares para reverter o resultado das eleições. Ainda que sem comprovação de participação direta de outras figuras do agro, os dados expõem a integração de produtores rurais e empresários em tentativas de desestabilização democrática.
De acordo com informações levantadas pela Repórter Brasil, Germano Schaffel Nogueira assinou, em 2014, um Termo de Ajustamento de Conduta com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Mato Grosso, comprometendo-se a restaurar 36 hectares de área de preservação permanente que haviam sido degradados.
Ainda segundo a Repórter Brasil, com base em dados da Receita Federal acessados inicialmente pelo Cruzagrafos, Nogueira é proprietário de uma assessoria agropecuária em Juína (MT) e de uma empresa de segurança privada na mesma cidade, vizinha a Castanheira. Ele também já foi dono de um clube de tiro na região.