De Baku, Azerbaijão -- Depois de fazer um detalhado levantamento sobre os 66 mil inscritos na COP29, o site ambientalista De Smog concluiu: "Lobistas da carne, laticínios e pesticidas retornam em grande número à Cúpula do Clima".
De acordo com a pesquisa, o Brasil foi o campeão dos lobistas, com 35, inclusive representantes da JBS, BRF, Marfrig e da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes.
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A Rússia, com 13, e a Austrália, com 5, vieram em seguida.
De fato, o estande do Brasil na COP29 deu grande protagonismo ao agronegócio, com o argumento de que o país pode alimentar o mundo sem contribuir com a emergência climática.
Com acesso às negociações
Este ano, segundo a De Smog, quase 40% dos 204 lobistas vieram a Baku com credenciamento das delegações oficiais, dando a eles acesso inusitado às negociações -- foram apenas 5% na COP27.
De acordo com o site:
Delegados do setor de carnes e laticínios enviaram 52 delegados à cúpula deste ano, dos quais 20 viajaram com o governo do Brasil, concluiu a análise. Juntos, superavam em número a delegação da ilha caribenha de Barbados, que em julho foi devastada pelo furacão Beryl, uma catástrofe ligada às alterações climáticas.
A Bayer, uma das maiores fabricantes de pesticidas do mundo, trouxe dez representantes a Baku. A brasileira JBS, três.
Novas tecnologias
Os representantes do agronegócio costumam dizer nos bastidores que a biotecnologia, novos tipos de pesticidas e bio soluções serão capazes de transformar o setor nas próximas décadas, reduzindo as emissões e contornando problemas ambientais no campo.
Os argumentos são descartados pelos que defendem a agroecologia e a produção de alimentos sem o uso de produtos químicos, em menor escala, para proteger a biodiversidade.
Tem tudo para ser o grande debate da COP30, em Belém.
A JBS não respondeu a um pedido de comentário do De Smog, que escreveu:
Em 2022, a JBS informou ter emitido 156 milhões de toneladas de gases de efeito estufa, mais do que as emissões anuais da Holanda ou da Ucrânia. A empresa enfrenta atualmente um processo nos EUA por “falsas alegações de sustentabilidade".