A vitória de Donald Trump nas eleições de 2024 acendeu alerta máximo entre especialistas climáticos, que veem o retorno do ex-presidente como uma ameaça sem precedentes aos esforços globais para combater as mudanças climáticas.
Eleito com discurso abertamente negacionista, a expectativa é que Trump, ao reassumir a presidência, retire novamente os EUA do Acordo de Paris e distancie o país de medidas coletivas das Nações Unidas para enfrentar a crise climática.
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Durante sua campanha, Trump desqualificou a mudança climática, chamou de "farsa" e prometeu acabar com iniciativas como a Lei de Redução da Inflação, que apoia projetos de energia limpa. Essa agenda pode resultar na liberação de bilhões de toneladas extras de CO2 na atmosfera, prejudicando ainda mais as metas climáticas globais já em risco.
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Especialistas avaliam riscos
Michael Mann, cientista climático da Universidade da Pensilvânia, afirmou que os EUA estão se tornando uma “ameaça ao planeta”, e Bill Hare, da Climate Analytics, alertou que a eleição de Trump dificulta os esforços para manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C, a meta estabelecida pelo Acordo de Paris.
A vitória de Trump também deve afetar as negociações climáticas da ONU, que ocorrerão no Azerbaijão. Rachel Cleetus, da Union of Concerned Scientists, previu que sua administração pode minar a diplomacia climática global e enfraquecer a colaboração internacional, especialmente com países como a China.
Na Europa, ativistas climáticos reagiram com frustração e preocupação, considerando o dia da eleição como um "dia sombrio". A ativista alemã Luisa Neubauer, do Fridays for Future, expressou a sensação de impotência, comparando a eleição a um término doloroso, mas pediu que os defensores do clima não desistissem.
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Apesar da vitória de Trump, Areeba Hamid, do Greenpeace, ressaltou que um movimento global está em curso para combater os danos ambientais e afirmou que o tempo para ação é urgente. Ela criticou a eleição como sendo impulsionada por interesses corporativos e desinformação, mas enfatizou que o movimento climático precisa se manter firme.
Em seu primeiro mandato, Trump levou meses para retirar os EUA do Acordo de Paris, o que causou temores de seu colapso. Apesar disso, a resiliência do Acordo foi demonstrada, e Laurence Tubiana, uma das arquitetas do acordo, destacou que o contexto atual é diferente, com um forte impulso econômico para a transição energética. No entanto, ela alerta que os EUA podem perder essa liderança devido ao retrocesso nas políticas climáticas sob Trump. Tubiana lembrou que os impactos devastadores das mudanças climáticas, como os furacões recentes, afetam todos os americanos, o que torna a ação climática ainda mais urgente.