De Baku, Azerbaijão -- Um acordo sobre financiamento em potencial foi anunciado na madrugada deste domingo, 24, em Baku, antes mesmo da sessão de encerramento da COP29, que deve avançar por ao menos mais algumas horas.
Ainda não houve consenso sobre o texto da declaração final.
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A ministra Marina Silva, que representa o Brasil nas negociações, ao fazer um balanço sugeriu que faltou liderança, classificou o evento como uma "experiência difícil" e lamentou que o tópico principal tenha sido empurrado para o final, por falta de consenso.
Pelo acordo que vazou, os países ricos pagariam U$ 300 bilhões por ano até 2035 para ajudar os países pobres e em desenvolvimento a fazer transição energética e enfrentar os efeitos da emergência climática.
O pedido era de U$ 1,3 trilhão.
Caberia a bancos oficiais, como o Banco Mundial, e ao setor privado completar o valor, o que seria contemplado mais adiante com um "Roteiro de Baku a Belém".
"Ilusão de ótica"
Houve sugestões de que o acordo foi "arranjado" de última hora, para evitar que a COP29 terminasse em completo fracasso, uma vez que desde o início foi batizada de "COP do financiamento".
A representante da Índia, Chandni Raina, disse que foi pura "ilusão de ótica":
É uma quantia irrisória. Lamento dizer que não podemos aceitar isso. Esperávamos uma ambição muito maior dos países ricos.
O porta-voz do Panamá, Juan Carlos Monterrey, complementou:
Este processo foi caótico, mal gerido e um fracasso total em termos de concretização da ambição exigida.
Brasil sai ileso
Cabe agora ao Brasil "herdar" o mal estar deixado pelo evento de Baku e preparar a COP30, em Belém.
Apesar do tiroteio que se viu aqui, o governo Lula conseguiu sair ileso, mas terá um difícil trabalho diplomático para não repetir a frustração testemunhada em Baku.
Em Baku, alguns dos líderes mais importantes nem vieram para a cúpula inicial, casos da União Europeia, Alemanha e França.
A partir de 20 de janeiro, vai pairar sobre o evento em Belém a presença de Donald Trump na Casa Branca.
O republicano já assombrou a COP29 por ser negacionista das mudanças climáticas, mas a ministra Marina Silva asseverou:
Não paramos quando os EUA não entraram no protocolo de Kyoto e no Acordo de Paris mas também não deixamos de reconhecer que é um prejuízo muito grande, não só para os países em desenvolvimento, mas um prejuízo para toda a Humanidade, inclusive um prejuízo político porque o povo americano está sofrendo as consequências dos eventos climáticos extremos.